É bem provável que muito poucos israelenses saibam quem é a deputada Ilhan Omar, eleita pelo Estado de Minnesota (EUA). Mas poucas semanas atrás, durante a campanha para as eleições israelenses, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se referiu diretamente à congressista de primeiro mandato.
É bem provável que muito poucos israelenses saibam quem é a deputada Ilhan Omar, eleita pelo Estado de Minnesota (EUA). Mas poucas semanas atrás, durante a campanha para as eleições israelenses, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se referiu diretamente à congressista de primeiro mandato.
Em uma conferência do Comitê Americano-Israelense de Assuntos Públicos [AIPAC, na sigla em inglês], ele falou aos participantes para ouvirem o que dizia aquele Benjamin: que “não se trata dos Benjamins” [1]. Foi uma referência à afirmação da deputada Omar de que o apoio norte-americano a Israel é comprado pelos judeus.
Netanyahu prosseguiu dizendo que “o motivo [de os norte-americanos apoiarem Israel] não é o dinheiro. É porque eles compartilham os nossos valores. É por Israel e os Estados Unidos amarem a liberdade e a democracia. É porque [ambos os povos] prezam os direitos individuais e o império da lei”.
O ataque direto a Omar foi provavelmente mais dirigido ao público judeu-americano do que aos judeus de Israel, mas mesmo assim foi um momento importante na campanha. Algo mudou profundamente quanto às relações entre americanos e israelenses. No lugar do forte apoio bipartidário que havia nos Estados Unidos, agora há um partido Democrata que está enfraquecendo seus laços com o maior parceiro americano no Oriente Médio. Omar, que apareceu essa semana na capa da revista Newsweek, é a cara desta mudança.
Enquanto Omar levou os Democratas a se afastarem do apoio a Israel, o partido Republicano sob a liderança de Donald Trump deu passos decisivos para defender o Estado Judeu. O primeiro foi a mudança da embaixada norte-americana para Jerusalém, uma atitude que presidentes anteriores pertencentes aos partidos Democrata e Republicano prometeram, mas nunca agiram para cumprir. O apoio prosseguiu, manifestando-se mais recentemente pelo reconhecimento norte-americano à soberania de Israel sobre as Colinas de Golã.
O Governo Trump tem sinalizado de forma muito clara aos palestinos no sentido de que eles podem ficar sem a situação de impasse que foi criada pela falta de ação do governo Obama. Tal impasse estava se mostrando bastante vantajoso aos palestinos. O apoio europeu ao discurso dos palestinos havia aumentado na Europa continental e no Reino Unido e, principalmente, nos Estados Unidos os Democratas começaram a se afastar do apoio a Israel de Netanyahu.
As ações do Governo Trump estão indicando aos palestinos que eles não podem simplesmente ficar parados até que o mundo fique ao lado deles. Eles enfrentarão significativas consequências diplomáticas enquanto se recusarem a negociar e continuarem atacando Israel. Este é o pano de fundo criado por Trump [como contraposição] ao surgimento de Omar e ao novo partido Democrata anti-Israel.
Para muitos eleitores israelenses, essa é claramente uma novidade perturbadora. O apoio dos Estados Unidos é a mais essencial aliança externa que o único Estado judeu do mundo tem. Se Netanyahu parece ser como unha e carne com Trump, essa é a razão. Novamente, e pela quinta vez consecutiva – um recorde – , o primeiro-ministro que se educou nos arredores da Filadélfia foi reeleito com base em um projeto de força, que estabelece que concessões aos palestinos sejam feitas apenas se houver contrapartida de boa-fé e de ações [realizadas pelos palestinos].
No entanto, a vitória de Netanyahu nas eleições e a atual força do Governo Trump não significam necessariamente que Omar e os Democratas anti-Israel perderão essa briga. Por isso os próximos dois anos são vitais para Israel, para os palestinos, o restante do Oriente Médio e para os Estados Unidos. Há rumores de que um acordo com os sauditas a pedido de Jared Kushner pode estar por vir, mas ficarão os palestinos acuados pelas agressivas ações de Trump e pela vitória sem precedentes de Netanyahu? Ou eles irão se entrincheirar na esperança de que um dos candidatos democratas que se recusaram a participar da convenção da AIPAC torne-se o próximo presidente dos Estados Unidos?
Por ora, essa é a grande questão. Os eleitores de Israel novamente apoiaram [a postura] linha-dura de Netanyahu e, por extensão, as corajosas ações do Governo Trump. Isso trará os palestinos para a mesa para negociarem com boa-fé ou continuarão eles a jogar um jogo de espera, torcendo para que Omar e os Democratas ‘progressistas’ joguem os norte-americanos contra Israel?
Só o tempo dirá, mas assim como Trump e Omar produziram efeitos nas eleições israelenses, a situação de Israel e da Palestina também pode provocar efeitos nos Estados Unidos. À medida que a farsa do conluio russo [com a candidatura de Donald Trump] se perde na memória, o panorama das eleições presidenciais de 2020 vai entrando em foco. Trump e Netanyahu têm uma oportunidade única de buscar uma paz duradoura.
Esperando à margem está um novo partido Democrata, que mostra as garras para Israel. O momento de agir é agora. E tanto para os Estados Unidos quanto para Israel, tudo está incerto.
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[1] Usando o verso-título de uma música de Puff Daddy (“It’s all about the Benjamins”), a deputada Ilhan Omar, do partido Democrata, disse em um tweet que Israel e lobistas pró-Israel teriam o hábito de comprarem apoio, pagando para influenciar legisladores norte-americanos.
O mencionado título e verso da música pode ser entendido como “Tudo é dinheiro”, pois os “Benjamins” a que alude referem-se à figura de Benjamin Franklin que é impressa nas notas de 100 dólares. (Nota do Tradutor)
Tradutor: Gualter Adães Engellender
Traduzido de artigo publicado no site The Federalist, tal como acessado em 12/04/2019, às 15:09h.