Pressão para Cunha na Operação Cui Bono em fechar delação

Informações recolhidas durante investigações demonstram a "munição" que o ex-deputado tem nas mãos
A pressão para que Eduardo Cunha (PMDB) feche acordo de delação premiada aumentou após a deflagração, pela Polícia Federal (PF), da "Operação Cui Bono?", nessa sexta-feira (13), nos estados do Paraná, São Paulo e Distrito Federal.
Há quem acredite que o ex-deputado não teria deixado esse aparelho para trás de forma impensada, já que ele continha tantos dados comprometedores. Para pessoas próximas a Cunha, a situação pode ter sido planejada por ele, para despertar nos investigadores a necessidade de elucidar questões pertinentes à Operação Lava Jato.
Segundo relatório da PF, as informações contidas no celular apontam pormenores de conversas sobre aprovações de crédito em bancos públicos e votações de projetos na Câmara. Elas comprovariam a formação de um esquema de fraudes que envolvia políticos, funcionários da Caixa, empresas e empresários.
De acordo com informações da Folha de S. Paulo, o teor das conversas divulgadas em relatório da Polícia Federal reforça a tese de que Cunha detém informações explosivas sobre negociatas fechadas entre o primeiro escalão do PIB, o Congresso e órgãos do governo federal.
Por isso mesmo, deve se apressar em firmar um acordo de colaboração premiada para falar o que sabe à Justiça.
A defesa de Cunha, no entanto, manteve a linha adotada até aqui e disse rechaçar "veementemente desde já as suspeitas" levantadas sobre seu cliente.
Ainda de acordo com a Folha, uma parlamentar, que pediu anonimato, reforçou a hipótese de que tudo pode ter sido feito de forma pensada por Cunha. Ele ainda afirma que se "ele fizer o que disse que ia fazer, vai sobrar pouco da República".
As mensagens encontradas no telefone antigo de Cunha arrastaram ao menos três setores para o centro da Lava Jato: frigoríficos, com destaque para o grupo que gerencia a Friboi, concessionárias de rodovias e imobiliário.