BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - O Talibã matou Rohullah Azizi, irmão do ex-vice-presidente do Afeganistão, Amrullah Saleh, que, deposto, se tornou um dos principais líderes de oposição ao regime do grupo que retomou o poder no país em agosto. A morte foi confirmada por familiares, que acusaram os extremistas.
BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - O Talibã matou Rohullah Azizi, irmão do ex-vice-presidente do Afeganistão, Amrullah Saleh, que, deposto, se tornou um dos principais líderes de oposição ao regime do grupo que retomou o poder no país em agosto. A morte foi confirmada por familiares, que acusaram os extremistas.
"Eles o mataram ontem [quarta, 9] e não nos deixaram enterrá-lo. Eles ficavam dizendo que seu corpo deveria apodrecer", disse o sobrinho de Azizi à Reuters. A uma agência afegã, ele acusou os talibãs de pararem o carro do tio em um trajeto entre o vale de Panjshir e Cabul e matá-lo. Um serviço de informações ligado ao grupo fundamentalista afirmou que, "segundo relatos", Azizi teria sido morto durante um combate em Panjshir.
Saleh integra o mais relevante movimento de resistência aos talibãs, concentrado no vale de Panjshir. De acordo com a versão do Talibã, porém, a região foi conquistada na última segunda-feira (6) e o ex-vice-presidente teria fugido para o vizinho Tadjiquistão junto com Ahmad Massoud, outro líder da chamada Frente Nacional de Resistência. Não está claro se Azizi também integrava esse núcleo de combate.
O grupo de Saleh e Massoud -filho de um anti-talibã morto dias antes dos atentados do 11 de Setembro de 2001- declarou que continua resistindo aos ataques dos talibãs em Panjshir. Na quarta (8), o embaixador afegão no Tajiquistão, Zahir Aghbar, nomeado pela gestão anterior, disse em entrevista coletiva que estava mantendo contato regular com os líderes da Frente de Resistência, que ainda estariam no Afeganistão.
Em comunicado divulgado na segunda-feira, mesmo dia em que o Talibã declarou ter conquistado Panjshir, a Frente pediu apoio da população afegã e da comunidade internacional para continuar resistindo aos avanços do grupo.
"O Talibã não só se manteve o mesmo, mas ficou mais vicioso, mais cruel, mais fundamentalista e mais discriminatório do que antes. Estamos testemunhando isso", argumentaram os líderes, no texto.
Em conflito direto com a moderação que prometeu ao reconquistar o poder, o Talibã vem adotando ações de censura à imprensa, repressão a protestos e violações aos direitos humanos. Na terça (7), homens armados atiraram para o alto para dispersar manifestantes na capital. Vídeos publicados nas redes sociais mostram dezenas de pessoas correndo para se afastar dos disparos.
Em outras cidades do país, como Mazar-i-Sharif e Herat, duas pessoas foram mortas e outras oito ficaram feridas a tiros, também durante manifestações, de acordo com o relato de um médico local à agência de notícias AFP.
Em meio aos protestos, o Ministério do Interior editou um decreto que proíbe novas manifestações no país que não sejam autorizadas -e no momento "nenhuma está". Slogans contrários ao emirado, como o país agora é chamado por seus novos comandantes, estão proibidos. Também na terça, o Talibã anunciou os nomes que farão parte de um novo governo interino.
Enquanto isso, estrangeiros ainda tentam sair do Afeganistão. Na quinta, a Qatar Airways transportou mais de 100 pessoas, incluindo cidadãos americanos, para Doha (Qatar), no primeiro voo comercial, desde que o Talibã tomou o poder.
Nesta sexta, outro avião da companhia partiu de Cabul com mais 156 passageiros, também com destino ao Qatar, informou a emissora de TV Al Jazeera. Segundo a Casa Branca, 19 americanos estavam no voo.