O Twitter lançou nesta segunda-feira (25) um projeto piloto do “Birdwatch”, iniciativa que poderá censurar tuítes que a empresa considere “desinformação” ou “fake news”. Trata-se de um espaço fora da rede social em que usuários previamente selecionados pela empresa, entre voluntários, irão dizer se consideram fake ou não, acrescentar notas e corrigir informações que julgam falsas.
O Twitter lançou nesta segunda-feira (25) um projeto piloto do “Birdwatch”, iniciativa que poderá censurar tuítes que a empresa considere “desinformação” ou “fake news”. Trata-se de um espaço fora da rede social em que usuários previamente selecionados pela empresa, entre voluntários, irão dizer se consideram fake ou não, acrescentar notas e corrigir informações que julgam falsas.
O Twitter permite que qualquer usuário se inscreva no Birdwatch para ser um censor da rede e afirma que pretende manter certa diversidade de ideias no projeto. Na prática, um grupo de pessoas será responsável por inicialmente apenas debater e corrigir informações que acreditem serem falsas ou incompletas, como um trabalho de edição. O Twitter vem se colocando como um verdadeiro editor da liberdade de expressão mundial.
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A postagem oficial no blog do Twitter detalha a visão da empresa sobre a ferramenta: “Acreditamos que essa abordagem tem o potencial de responder rapidamente quando informações enganosas se espalham, adicionando um contexto no qual as pessoas confiam e consideram valioso,” comenta.
Trata-se de um sistema de “checagem de fatos” gerado pelo usuário, que dará aos participantes o poder de adicionar notas a postagens publicadas por outras pessoas. A princípio, essas notas estarão disponíveis em um site separado com a intenção de eventualmente adicionar o recurso ao site principal, o que será de fato a implementação de um sistema de censura oficial e semelhante ao de governos autoritários.
Em nota ao site Reason, Nick Pickles, diretor de estratégia e desenvolvimento de políticas públicas do Twitter, disse que os executivos da plataforma decidiram lançar o “Birdwatch” para usar o “desejo de fazer parte da conversa” sobre a “moderação de conteúdo do site”. O projeto, disse ele, vai “além do objetivo de decidir se as postagens são verdadeiras ou falsas”.
Por enquanto, as notas adicionadas aos tuítes “não trarão mudanças na maneira como as pessoas veem os tuítes ou as recomendações de nossa empresa”, disse Keith Coleman, vice-presidente de produtos do Twitter.
A notícia aparece após a empresa ter censurado o perfil do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, às vésperas da declaração de vitória do democrata Joe Biden, em uma ação que foi duramente criticada por líderes mundiais como ato que fere liberdades fundamentais. O histórico de censura, especialmente a conservadores, já acumula uma lista de polêmicas envolvendo a empresa, além do Facebook. As chamadas Big Techs vêm se tornando sinônimo de censura de esquerda dentro do ambiente que criaram.
Inicialmente, o Birdwatch estará disponível somente para usuários norte-americanos com número de celular e e-mail verificados, sistema de autenticação em duas etapas ativado e sem violações recentes no Twitter. O recurso ainda não tem previsão de chegada no Brasil.
Fact-checking guarda incríveis semelhanças com a censura soviética
O projeto chamou a atenção e provocou polêmica pela semelhança com o modo como era feita a censura em regimes ditatoriais. Na União Soviética, a Diretoria Principal para Assuntos Literários e de Publicação, conhecida como Glavlit, era a agência estatal responsável pelo controle de materiais impressos. No texto original do decreto de 1922, o governo soviético fala claramente no combate às notícias falsas que influenciam a opinião pública.
Os censores individuais mantinham certa discrição e frequentemente mostravam considerável criatividade e paranoia em seu trabalho. Uma das tarefas dos censores soviéticos era justamente a correção, não apenas a supressão de conteúdo, mas acréscimos e notas explicativas que coincidissem com as políticas do Partido.