Após grande resultado no 1º Turno, equipe de Bolsonaro inicia a montagem dos Ministérios, Banco Central e diretorias de empresas públicas. O caminho deve ser um liberalismo clássico, com um “time de basquete” de executivos onde todos sabem atacar e defender.
Por Guilherme G. Villani
Após grande resultado no 1º Turno, equipe de Bolsonaro inicia a montagem dos Ministérios, Banco Central e diretorias de empresas públicas. O caminho deve ser um liberalismo clássico, com um “time de basquete” de executivos onde todos sabem atacar e defender.
Por Guilherme G. Villani
Ciente da gravidade das contas públicas federais, o principal nome da equipe econômica de Bolsonaro, Paulo Guedes defende um ataque frontal para acabar com o déficit primário nas contas públicas.
A meta é ousada diante do quadro recorrente de descontrole, no entanto Guedes se diz “fora da caixa” e não poupará esforços para recolocar o país no azul e ganhar a confiança do mercado, diminuir a trajetória de endividamento e com isso permitir juros baixos nos próximos anos.
O Mercado Financeiro comprou a ideia de Paulo Guedes e diante do desempenho eleitoral do candidato do PSL, o juros pagos para rolagem da dívida pública vem em trajetória descendente, possivelmente rumo aos níveis pré greve dos caminhoneiros.
O Real também se valorizou frente às moedas globais e o valor de mercado das empresas brasileiras se recuperaram. Há um evidente otimismo com a vitória de Bolsonaro e confiança em seu governo.
O plano de Guedes inclui três fronts de ataque: i) Dívida Pública; ii) Fiscal; e iii) Administrativo.
Para abater a dívida pública e reduzir a relação dívida/PIB e redução das despesas com juros para rolagem da dívida. Guedes prevê a venda de ativos da União, desde imóveis até empresas públicas. Neste bojo deve entrar áreas da Petrobrás como distribuição e refino, ativos da Eletrobrás entre outros.
No front fiscal, Guedes defende: i) fim parte das desonerações fiscais; ii) fim do Abono Salarial; iii) redução dos gastos com o sistema S; iv) devolução de recursos do BNDES; v) acelerar recebimento da cessão onerosa do petróleo; vi) extinção de estatais deficitárias; e vii) reforma da previdência.
No front administrativo inclui uma reforma do Estado. Redução de número de ministérios e congelamento de salários da esfera federal que se encontram descolados da realidade do mercado de trabalho. Neste quesito, a redução da burocracia e ineficiência pode gerar grande agilidade para investimentos em áreas de infraestrutura como energia elétrica.
Guedes está reunindo apoio e nomes do setor privado para levar executivos ao governo. Entre os nomes aparecem executivos do setor financeiro e infraestrutura.
Entre eles o de Roberto Campos Neto, diretor do Santander e neto do renomado economista liberal Roberto Campos, amigo de Bolsonaro nos tempos em que foi parlamentar.
Alguns nomes do governo atual serão convidados para participarem do próximo governo, entre eles o atual presidente do BC Ilan Goldfajn, Marcos Mendes e de Mansueto Almeida. Mendes é o chefe da assessoria especial do Ministério da Fazenda. Almeida é o atual secretário do Tesouro.
Negociação com o Congresso é crucial
O Congresso é ponto chave na aprovação das reformas necessárias. Havia uma certa apreensão com relação a renovação do antigo congresso fisiológico, acostumado com o “toma lá dá cá” que o candidato Bolsonaro tanto critica.
A renovação foi grande e as expectativas melhoraram.
Entre as boas novidades, o PSL conseguiu formar uma bancada de respeito, com 52 representantes na Câmara e 4 senadores. Poderá ainda angariar outros congressistas eleitos na janela partidária.
Um aliado importante para as reformas liberais será o Partido NOVO, com 8 deputados eleitos.
O Deputado federal eleito Vinícius Poit do NOVO-SP já se antecipou contra o aumento de salários dos congressistas. Expôs que já há negociações para aumentar em 16% os salários, e que isto vai gerar uma despesa adicional de R$ 7,2 bilhões de reais aos cofres públicos.
Este tipo de atitude será fundamental para gerar um ambiente propício para redução de privilégios e despesas exorbitantes no âmbito legislativo e judiciário.
A batalha de Paulo Guedes e Jair Bolsonaro será grande. A quebra do establishment só acontecerá quando haver a quebra de relações corporativistas entre os poderes. Será mais do que nunca necessário o presidente manter um diálogo franco e direto com a sociedade para manter o apoio popular aos ousados planos de Paulo Guedes.
Se obter sucesso,Guedes abrirá espaço para a maior onda de investimentos produtivos, nunca antes vista na história deste país.