O governador Pedro Taques (PSDB) se pronunciou na manhã desta terça-feira (27) sobre a decisão da Justiça de mandar soltar o coronel PM Alexandre Corrêa Mendes e do tenente-coronel Victor Paulo Fortes Pereira, suspeitos de terem vazado informações sobre uma operação contra policiais envolvidos no suposto esquema de escutas ilegais.
O governador Pedro Taques (PSDB) se pronunciou na manhã desta terça-feira (27) sobre a decisão da Justiça de mandar soltar o coronel PM Alexandre Corrêa Mendes e do tenente-coronel Victor Paulo Fortes Pereira, suspeitos de terem vazado informações sobre uma operação contra policiais envolvidos no suposto esquema de escutas ilegais.
Apesar de classificar como um “crime grave” o vazamento de informações sob segredo judicial, o tucano preferiu não criticar a decisão que soltou os dois PMs.
Ele afirmou ter feito seu papel ao denunciar o caso ao presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, desembargador Rui Ramos.
“Decisão não se critica, decisão se recorre. Vieram aqui e ao que consta cometeram crimes e eu não poderia fazer de outra forma a não ser denunciar ao presidente do Tribunal de Justiça. Crime grave. Revelar segredo judicial para mim é grave, a não ser que o Poder Judiciário entenda que não seja um crime grave”, afirmou o governador.
Mendes e Fortes foram soltos na segunda-feira (26) por determinação do juiz Bruno D'Oliveira Marques, da 11º Vara Criminal de Cuiabá. Eles estavam presos administrativamente desde a última sexta-feira (23), após Taques encaminhar oficio a Rui Ramos relatando sobre o vazamento de informações.
Ainda na mesma sexta-feira, o desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, decretou a prisão do chefe da Casa Militar do Estado, coronel PM Evandro Lesco, do secretário-adjunto da Pasta, coronel Ronelson Barros, do tenente-coronel Januário Batista e do cabo Euclides Torezan, por suspeita de participar dos grampos.
Ontem, o governador oficializou o afastamento de Lesco e Barros. Ele alegou que preferiu não exonerá-los para não fazer julgamentos precipitados.
"Não julgo as pessoas antes do momento, quero ver, ler o processo para entender o que está ocorrendo”.
Taques também não quis se pronunciar sobre a prisão do chefe da Casa Militar e dos outros três policiais.
“Não me cabe discutir decisão judicial, decisão judicial se cumpre, decisão judicial se recorre. Eu não vi a decisão judicial, mas vou ter um tempo para ler a decisão judicial”, pontuou.
Além de Lesco, Batista, Barros e Torezan, também estão detidos pelo susposto esquema o ex-comandante da Polícia Militar, Zaqueu Barbosa, e o cabo Gerson Ferreira Correia Júnior
Escutas ilegais
A denúncia sobre a rede de grampos foi feita no início deste ano, ao Ministério Público Federal (MPF), pelo promotor de Justiça Mauro Zaque, ex-secretário de Estado de Segurança Pública.
Zaque disse que recebeu uma denúncia anônima, com documentos, que evidenciavam a prática ilegal.
Segundo ele, a denúncia foi levada ao conhecimento do governador Pedro Taques (PSDB) em setembro de 2015. O governador, por sua vez, negou ter conhecimento do caso e entrou com um processo contra Zaque.
O esquema funcionaria por meio da chamada "barriga de aluguel", quando números de telefones de cidadãos comuns, sem conexão com uma investigação, são inseridos em um pedido de quebra de sigilo telefônico à Justiça.
No caso da denúncia, teria sido usado um inquérito que investigava uma quadrilha de traficantes de cocaína.
Ao pedir a quebra dos telefones dos supostos membros da quadrilha, teriam sido inseridos, ilegalmente, na lista encaminhada à Justiça, os telefones que interessariam ao grupo monitorar.
A decisão que autorizou as escutas contra a quadrilha partiu da Comarca de Cáceres, na fronteira do Brasil com a Bolívia.
Entre os grampeados estariam a deputada Janaina Riva (PMDB); o advogado José do Patrocínio; o desembargador aposentado José Ferreira Leite; os médicos Sergio Dezanetti, Luciano Florisbelo da Silva, Paullineli Fraga Martins, Helio Ferreira de Lima Junior e Hugo Miguel Viegas Coelho.
O inquérito sobre o caso está na Procuradoria Geral da República, sob comando do procurador Rodrigo Janot.