Se hoje trocam acusações na Justiça, o advogado do ex-presidente Lula Roberto Teixeira e o engenheiro Glaucos da Costamarques, proprietário de um apartamento ocupado pelo petista, mantinham proximidade até há pouco mais de um ano.
Se hoje trocam acusações na Justiça, o advogado do ex-presidente Lula Roberto Teixeira e o engenheiro Glaucos da Costamarques, proprietário de um apartamento ocupado pelo petista, mantinham proximidade até há pouco mais de um ano.
O escritório de Teixeira e do advogado que comanda a defesa de Lula, Cristiano Zanin Martins, assessorou Costamarques em assuntos do imóvel, em São Bernardo do Campo (SP), até pelo menos junho de 2016.
Naquele mês, a banca encaminhou à Justiça de São Paulo um pedido para que fosse transferida a posse para o engenheiro de maneira definitiva - a unidade ainda estava vinculada ao espólio do antigo dono, morto em 2009.
Teixeira e Costamarques, além do próprio Lula, são réus em uma ação penal sob responsabilidade de Sergio Moro. O Ministério Público Federal diz que o engenheiro foi usado como intermediário do ex-presidente para comprar a unidade com dinheiro proveniente da Odebrecht. O ex-presidente ocupa o imóvel desde os anos 1990.
Segundo a acusação, Lula não pagou o aluguel até o fim de 2015. Costamarques confirmou a versão em depoimento a Moro no início do mês e disse que Teixeira, naquele ano, avisou que começaria a pagar os aluguéis.
Na última segunda (25), a defesa de Lula apresentou um conjunto de recibos com datas desde 2011, assinados por Costamarques, e afirmou que os documentos comprovam a inocência do petista.
A defesa do engenheiro rebateu afirmando, segundo os jornais "O Globo" e "Valor", que todos esses comprovantes foram assinados em um único dia.
Ao ser ouvido por Moro, Teixeira negou que tenha dito em 2015 que a locação passaria a ser paga regularmente e chamou um dos trechos do depoimento do engenheiro de "asneira".
O atrito atual contrasta com a confiança que o engenheiro e o advogado demonstravam anteriormente. Segundo o advogado, os dois se conheceram por meio do pecuarista José Carlos Bumlai.
Teixeira, que é compadre de Lula, disse que auxiliou o engenheiro em negociações de mais quatro imóveis.
Costamarques afirmou a Moro que comprou o imóvel vizinho ao do ex-presidente, em 2010, por pedido de Bumlai. Disse que os cheques para a aquisição, de custo total de R$ 504 mil, foram entregues diretamente a Teixeira.
"Aí, eles pediram que queriam ficar alugado para o Lula. Então fiz um contrato, Roberto Teixeira que me trouxe", disse o engenheiro.
TRANSFERÊNCIA
Na denúncia, o Ministério Público Federal diz que Teixeira e Costamarques só requisitaram a posse do imóvel, em 2016, em um período em que já havia se tornado pública a investigação sobre o ex-presidente Lula na Lava Jato.
O engenheiro comprou o apartamento por meio de um instrumento chamado cessão de direitos hereditários, em que é mantido um vínculo com os herdeiros.
"Demorou tanto tempo assim para regularizar?", perguntou Moro a Teixeira.
O réu disse que a demora é comum em casos de inventário pendente e que havia impostos não pagos que atrapalharam esse procedimento.
Também contou que providenciou para Costamarques, naquela época, "toda a documentação" e que a família do petista tinha um interesse "logístico" nesse apartamento.
Com informações da Folhapress.