Após dois anos o real voltou a ficar sobrevalorizado, segundo o popular índice Big Mac, calculado semestralmente pela revista britânica The Economist. Na pesquisa atual, a moeda brasileira aparece com sobrevalorização de 1,1%, ante subvalorização de 5,1% em julho do ano passado. A última vez que o real estava sobrevalorizado foi em janeiro de 2015 (+8,7%).
O preço do tradicional sanduíche no Brasil é de R$ 16,50 (US$ 5,12) e a taxa de câmbio de mercado usada na pesquisa é de R$ 3,22. Entretanto, o índice Big Mac indica que a taxa de câmbio, com base no custo do sanduíche, deveria ser de R$ 3,26.
Das 48 moedas acompanhadas pela revista, a mais frágil é a libra egípcia (subvalorizada em 71,1%), seguida da grívnia ucraniana (-69,5%) e do ringgit malaio (-64,6%). Outras divisas dos países dos Brics também aparecem mal na lista, como o rand sul-africano (-62,7%) e o rublo russo (-57,5%). Na América Latina, um dos destaques é o peso mexicano (-55,9%).
Além do real, apenas outras quatro moedas estão sobrevalorizadas em relação ao dólar: o franco suíço (25,5%), a coroa norueguesa (12,0%), a coroa sueca (4,0%) e o bolívar venezuelano (3,7%). No caso da Venezuela, a situação da moeda não significa força econômica, mas sim um descontrole da inflação, em meio à intervenção do governo na economia e a escassez de muitos produtos.
Para tentar colocar outros aspectos na conta, a Economist também calcula um índice Big Mac ajustado, que analisa se uma moeda está sobrevalorizada ou subvalorizada comparada com o que se esperaria dado o nível de desenvolvimento de um país, tomado pelo PIB per capita.
Nesse caso, o real aparece com sobrevalorização de 66,6%, a maior do mundo. Nessa conta, o real está sobrevalorizado desde 2010 (quando o índice ajustado começou a ser calculado), e sempre entre os primeiros do ranking. Em janeiro do ano passado, quando o câmbio de mercado estava em R$ 4,02, a moeda brasileira atingiu seu menor nível de sobrevalorização (7,1%).
A Economist lembra que em 2016 muitas moedas emergentes foram prejudicadas pela eleição de Donald Trump nos EUA, que elevou as expectativas de um aperto monetário mais rápido no país.
O índice Big Mac tradicional, criado em 1986, é baseado na ideia da paridade do poder de compra, que diz que as taxas de câmbio deveriam se mover em direção a um nível que tornaria igual o preço de uma cesta de produtos em diferentes países. Neste caso, se o custo local de um sanduíche é superior ao preço nos EUA, de US$ 5,06, a moeda está sobrevalorizada, ou cara. Se o preço local é inferior a esse nível, a moeda está subvalorizada, ou barata.
A Economist lembra que, para moedas emergentes, estar subvalorizada no índice Big Mac não é necessariamente sinal de que a taxa de câmbio deve subir em breve. Isso porque o custo do hambúrguer depende parcialmente de itens não comercializáveis, como aluguéis e salários, que tendem a ser menores em países mais pobres. Com informações do Estadão Conteúdo.