Duas das regiões mais ricas da Itália, Vêneto e a Lombardia, optaram nesse domingo (22) por reclamar mais autonomia ao Estado, depois de realizar referendos consultivos. Os governadores anteciparam que, para isso, vão iniciar negociações com o governo. A informação é da Agência EFE.
Duas das regiões mais ricas da Itália, Vêneto e a Lombardia, optaram nesse domingo (22) por reclamar mais autonomia ao Estado, depois de realizar referendos consultivos. Os governadores anteciparam que, para isso, vão iniciar negociações com o governo. A informação é da Agência EFE.
Em Vêneto, com 86,5% dos votos apurados, 98,1% dos eleitores votaram a favor. No caso da Lombardia, com 60% dos votos apurados, 95,64% votaram a favor e 3,61% contra, com 0,75% de votos nulos.
Ainda que não tenha estabelecido um quórum, o governador lombardo, Roberto Maroni, tinha reconhecido que se formaria se superasse os 34% registrados na reforma constitucional de 2001. No entanto seus oponentes políticos já falam de fracasso ao não chegar aos 50%.
O presidente de Vêneto, Luca Zaia, que como Maroni pertence à xenófoba Liga Norte (LN), comemorou os resultados, considerando-os "um sucesso". Ele anunciou que nesta segunda-feira convocará seu gabinete para preparar o projeto antes de iniciar a negociação.
Zaia defendeu o modelo de uma Itália que avance para o federalismo e assegurou que exigirão de Roma 20 competências, bem como a retenção de 90% dos impostos.
O governador de Vêneto reconheceu que os sistemas de contagem de votos foram objeto de um ataque cibernético, o que explica o atraso na publicação dos resultados.
Maroni destacou o "compromisso importante" adquirido com essa votação: "Impulsionar o mandato histórico que milhões de lombardos me deram para ter uma autonomia verdadeira. Ir a Roma e pedir mais competências e recursos para a Lombardia", declarou.
O subsecretário do Governo para Assuntos Regionais, Gianclaudio Bressa, afirmou que o governo de Paolo Gentiloni "está preparado" para fazer tal negociação.
As duas regiões convocaram o referendo consultivo e não vinculativo, apoiados pela maioria das forças políticas regionais, para solicitar apoio e assim negociar com o governo maior autonomia, fato contemplado pela Constituição. Querem ganhar competências nas áreas de educação, meio ambiente, segurança e migração mas, sobretudo, de natureza fiscal.
Essas duas regiões, que somam 34% do Produto Interno Bruto (PIB) italiano, querem reduzir o déficit fiscal, a diferença entre o que contribuem para o Estado e o que ele "devolve". Estudos estimam esse montante em 54 bilhões de euros (US$ 63,607 bilhões), no caso da Lombardia, e em cerca de 18 bilhões de euros (US$ 21,202 bilhões), no de Vêneto.
O líder do partido ultradireitista, Matteo Salvini, destacou que, entre as duas regiões, "mais de 5 milhões de pessoas votaram pela mudança", destacando que trabalhará para que esse tipo de referendo seja feito em novas regiões do país.
Durante a comemoração da consulta e nos dias anteriores, os organizadores ressaltaram que nada têm a ver com o referendo da comunidade autônoma espanhola da Catalunha.
No enunciado do referendo na Lombardia, perguntou-se aos eleitores se desejam que o governo regional peça "condições particulares de autonomia" ao Estado, mas sempre "no quadro da unidade nacional".
"Não temos nada a ver com a Catalunha. Queremos autonomia, mais poder, mais competências e um federalismo fiscal, não a independência", disse após votar Zaia.
A consulta nessas duas regiões da industrializada Itália setentrional gerou críticas por causa do seu elevado custo e porque não era um requisito "sine qua non" para iniciar uma negociação com o governo central.
Há suspeitas de que as consultas também foram organizadas pensando nas eleições gerais e regionais da Lombardia, que ocorrerão no próximo ano.
Com informações da Agência Brasil.