Por 13 votos a 9, a Câmara de Cuiabá rejeitou o relatório paralelo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Paletó, que pedia o afastamento do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) do cargo e a abertura de processo de cassação. A votação ocorreu em sessão nesta quinta-feira (16).
O documento pedia a responsabilização do emedebista por quebra de decoro e obstrução de justiça com base no vídeo em que ele aparece recebendo maços de dinheiro - supostamente de propina – à época em que era deputado estadual.
Por 13 votos a 9, a Câmara de Cuiabá rejeitou o relatório paralelo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Paletó, que pedia o afastamento do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) do cargo e a abertura de processo de cassação. A votação ocorreu em sessão nesta quinta-feira (16).
O documento pedia a responsabilização do emedebista por quebra de decoro e obstrução de justiça com base no vídeo em que ele aparece recebendo maços de dinheiro - supostamente de propina – à época em que era deputado estadual.
Em plenário, no entanto, o relatório acabou derrubado. O resultado já era esperado, uma vez que o prefeito detém maioria na Casa.
Ainda assim, a sessão foi marcada por intensas discussões entre situacionistas e vereadores de oposição a Emanuel.
Uma das críticas dos opositores ocorreu em razão de o presidente da Casa, Misael Galvão (PTB), “convocar às pressas” a sessão para apreciação do relatório.
Segundo o vereador Dilemário Alencar (Podemos), membro da oposição, a convocação ocorreu às 5h35 desta quinta.
Pelo rito, o relatório deveria ser submetido à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes de ser votado em plenário, o que não ocorreu. Misael pediu apenas análise da Procuradoria da Casa, o que sequer é necessário.
“Para que esse açodamento em proteger o prefeito? Por que não discute às claras? A cena em que ele aparece com dinheiro caindo do bolso do paletó fala por si só. Aquilo é autoexplicativo, mostra que foi ato de corrupção. Me deixa extremamente indignado essa proteção sobre um político que foi flagrado em cena de corrupção”, disse Dilemário.
Misael, por sua vez, negou ter feito qualquer convocação para sessão. Disse apenas que respondeu “com um sim” uma mensagem no grupo dos vereadores do WhatsApp questionando se a análise ocorreria nesta quinta.
“Não fiz convocação. Apenas respondi hoje de manhã, porque eu acordo cedo. Fiz o que manda o figurino, dentro da legalidade”, justificou o presidente.
Veja como votaram os vereadores [Voto SIM é favorável a abertura de processo de cassação e voto NÃO é pelo arquivamento]:
Voto NÃO
Adevair Cabral
Orivaldo da Farmácia
Adilson da Levante
Aluízio Leite
Chico 2000
Dr Xavier
Juca do Guaraná
Justino Malheiros
Luis Claudio
Marcrean Santos
Mario Nadaf
Renivaldo Nascimento
Toninho de Souza
Voto SIM
Abílio Junior
Clebinho Borges
Diego Guimarães
Dilemário Alencar
Felipe Wellaton
Lilo Pinheiro
Marcelo Bussiki
Sargento Joelson
Wilson Kero Kero
Ausentes
Vinicius Hugueney
Ricardo Saad
Discursos acalorados
O vereador Renivaldo Nascimento (PSDB) voltou a sustentar que não cabe aos vereadores investigar atos relativos à época em que Emanuel sequer era prefeito.
“Esse relatório é fajuto, montado e cheio de falhas processuais, materiais. Vocês [oposição] passaram três anos e meio e não conseguiram propor uma CPI por desvio de conduta do prefeito, agora quer discutir um crime que tem que ser apurado pela Justiça e que ocorreu quando o prefeito era deputado”, disse o tucano.
Ele, também, acusou os colegas de usarem a CPI “para fazer politicagem” e afirmou que a postura da oposição envergonha a Câmara. Para ele, ao receber o relatório produzido pela Comissão, o Ministério Público Estadual “dará risada”.
Com um discurso mais exaltado, o vereador Felipe Wellaton (Cidadania) afirmou que, desde que o vídeo do Paletó se tornou público, tinha a certeza de que o prefeito usaria da máquina para se blindar.
“Fizemos o trabalho do vereador que é legislar, fiscalizar e julgar crimes administrativos. Emanuel não foi probo. E, se a população soubesse do ‘paletó’ jamais ele teria sido eleito pela população cuiabana. Quem defender o paletó vai se sujar, carregar essa marca para sempre. A população não vai esquecer de quem defendeu a corrupção. Bandidos! Bandidos!”, afirmou.
Neste momento, o parlamentar acabou sendo interrompido por Renivaldo, que pediu para Wellaton “descer do palanque”, em alusão ao fato de ele ser pré-candidato a prefeito na Capital.
Outro a criticar a CPI foi o vereador Chico 2000, que classificou o relatório como “mequetrefe e fragilizado”.
“Como respaldar um encaminhamento para este plenário com base em um artigo não mais vigente por ter sido declarada a sua inconstitucionalidade? Como querem que essa Casa aprecie um encaminhamento dessa forma? Vocês [oposição] estão brincando, achando que aqui só vocês conhecem, pensando que somos bobó cheira-cheira...”, disse, visivelmente irritado.
“Ora, Diego. Passa em outro momento. Vá tentar catar em outro terreno. Neste aqui não, meu irmão. Aqui ninguém vai ser feito de besta”, emendou.
Na sequência, o vereador Diego Guimarães recordou a cassação do vereador Abílio Junior, que acabou sendo derrubada na Justiça, em razão de falhas no rito adotado na Câmara.
“O prefeito foi filmado colocando dinheiro no Paletó. Hoje, pode ser a vitória de vocês [membros da base], mas pode ser a maior derrota que vocês já tiveram. Vocês serão lembrados pela cassação que fizeram [Abílio Junior] e pela que deixaram de fazer [Emanuel Pinheiro]. A população está observando e saberá separar o joio do trigo”, afirmou.