18/12/2023 às 12h41
Chile rejeita nova constituição em plebiscito decisivo
A proposta rejeitada era predominantemente influenciada por políticos de direita e conservadores
Mundo
Com 96% das urnas apuradas, o Chile viu a população rejeitar a proposta de uma nova constituição no plebiscito realizado neste domingo, 17 de dezembro de 2023. Resultados preliminares indicam uma negativa de 55,6% contra 44,3% a favor da nova Carta Magna, marcando um momento significativo na história política recente do país. Este plebiscito representa a segunda tentativa de substituir a Constituição de 1981, instituída durante o regime militar de Augusto Pinochet (1973-1990).
Cerca de 15 milhões de chilenos estavam habilitados a votar, com mais de 5 milhões apenas na Região Metropolitana. Aqueles que não justificaram a ausência enfrentam multas variando entre 32 mil e 192 mil pesos chilenos (aproximadamente R$182 e R$1.094). As urnas foram abertas às 8h e fechadas às 18h, com o presidente Gabriel Boric votando em Punta Arenas às 11h41.
Após o encerramento da votação, Boric declarou aos jornalistas que "independentemente do resultado", seu governo "continuará trabalhando na defesa do povo". Esta declaração ocorre em um contexto onde partidos da base governista, incluindo o Partido Socialista, Partido Comunista, Convergencia Social, entre outros, expressaram oposição à nova Constituição, alegando que ela não aborda adequadamente os problemas enfrentados pelos cidadãos.
A proposta rejeitada era predominantemente influenciada por políticos de direita e conservadores, focando em temas como oposição ao aborto, defesa da previdência privada e do sistema de saúde privado, além de apresentar menos detalhes sobre igualdade de gênero e direitos indígenas. A rejeição é vista por críticos como um reflexo da persistência dos princípios da Constituição de Pinochet.
Segundo a última pesquisa da Cadem, realizada entre 22 e 24 de novembro, 46% dos entrevistados eram contrários à mudança, enquanto 38% eram favoráveis. Este resultado marca a menor diferença desde maio. Especialistas interpretam a manutenção da Constituição vigente como uma "vitória com sabor de derrota" para a esquerda e o governo Boric, que enfrenta um alto índice de rejeição.
Dados do Cadem mostram que Boric tem uma taxa de reprovação de 65% e uma aprovação de 30% entre a população. Ele assumiu o cargo em 13 de março de 2022, após vencer José Antonio Kast com 55,9% dos votos. No início de seu mandato, Boric contava com 50% de aprovação e 20% de rejeição. Este cenário reflete os desafios políticos e sociais que o Chile continua enfrentando em sua jornada democrática.