Cientistas da Universidade do Colorado observaram uma colisão entre duas protoestrelas “bebês” que causou uma explosão assustadora, remodelando toda a nuvem molecular que deu origem a elas.
Ambas as protoestrelas se formaram há cerca de 100 mil anos em uma "creche estelar" na Nebulosa de Órion (OMC-1), a cerca de 1.500 anos-luz de distância da Terra. Por volta do século XVI, estas duas protoestrelas colidiram e causaram uma explosão, que espalhou o resto da "creche" por toda a Nebulosa.
Ao longo dos séculos seguintes, a explosão soltou tanta energia quanto o Sol emitiria no decorrer de 10 milhões de anos.
"O que nós observamos nesta creche estelar uma vez calma é uma versão espacial dos fogos de artifício em 4 de julho [Dia da Independência dos EUA], com flâmulas disparando em todas as direções", disse o autor sênior John Bally, cuja equipe publicou suas descobertas no periódico Astrophysical Journal nesta sexta-feira (7).
As observações foram conduzidas no âmbito do Atacama Large Millimeter Array (ALMA), o rádio-observatório chileno.
As nuvens moleculares são os lugares onde as estrelas se formam, à medida que quantidades insondáveis de pó espacial se reúnem em um ponto. Estas estrelas jovens, que continuam sendo "amamentadas" por seus parentes-nuvens moleculares, são chamadas de protoestrelas. Elas ainda irão passar por um processo de fusão nuclear e podem ser consideradas como estrelas genuínas apenas depois de se libertarem das suas nuvens moleculares e pegarem fogo.
Acredita-se que a OMC é a mais conhecida destas "creches" estelares e pode ser claramente observada no céu noturno como parte da constelação de Órion. Nos últimos anos, os astrônomos passaram a se interessar cada vez mais por estas estrelas "bebês".
Antigamente, elas eram pequenas e fracas demais para serem estudadas em detalhe, particularmente porque uma nuvem molecular podia bloquear a vista. Com o desenvolvimento dos telescópios e outros equipamentos, o estudo das protoestrelas se torna mais fácil.
Embora sejam voláteis, as explosões de protoestrelas podem ser relativamente comuns. (...) Ao destruir sua nuvem-parente, como aconteceu no caso da OMC-1, tais explosões também podem ajudar a regular os ritmos de formação de estrelas nestas gigantescas nuvens moleculares."
"As pessoas frequentemente associam as explosões estelares com estrelas antigas, tais como a eclosão de uma estrela decadente, ou com a morte de uma supernova, estrela extremamente maciça, que é ainda mais espetacular. O ALMA nos deu novas visões sobre as explosões que mostram outros ciclos da vida estelar, ou seja, o nascimento de uma estrela", explicou Bally (Spunik Brasil).