O coronel da Polícia Militar Jorge Catarino Morais Ribeiro, que foi nomeado para presidir o inquérito sobre o suposto esquema de escutas ilegais no âmbito da PM, entregou um relatório preliminar a respeito das investigações à Justiça, nesta segunda-feira (11).
O coronel da Polícia Militar Jorge Catarino Morais Ribeiro, que foi nomeado para presidir o inquérito sobre o suposto esquema de escutas ilegais no âmbito da PM, entregou um relatório preliminar a respeito das investigações à Justiça, nesta segunda-feira (11).
No documento, o coronel pediu, mais uma vez, a prorrogação do inquérito policial militar (IPM), por entender que ainda falta cumprir algumas diligências e ouvir mais testemunhas.
No último dia 15 de junho, ele já havia solicitado um novo prazo, que foi aceito pela Justiça. O prazo encerrou ontem.
“Pela lei, eu só posso pedir uma vez a prorrogação, mas entendo que ainda existe a necessidade de ouvir mais pessoas, pois a cada depoimento novos fatos vêm à tona. Mas será a Justiça que definirá se são, de fato, necessárias”, afirmou o coronel.
No documento, Jorge Catarino também pediu segurança à sua vida e de sua família.
Ele negou, porém, ter recebido qualquer tipo de ameaças.
“É uma questão de precaução, mesmo”, afirmou o coronel.
Após o escândalo dos grampos, seis policiais já foram presos suspeitos de participação no suposto esquema.
São eles: o ex-comandante da PM, coronel Zaqueu Barbosa, o cabo Gerson Ferreira, o secretário afastado da Casa Militar do Estado, coronel PM Evandro Lesco, o secretário-adjunto afastado da Pasta, coronel PM Ronelson Jorge de Barros, o tenente-coronel Januário Batista e o cabo Euclides Torezan.
Denúncia
A denúncia sobre a rede de grampos foi feita no início deste ano, ao Ministério Público Federal (MPF), pelo promotor de Justiça Mauro Zaque, ex-secretário de Estado de Segurança Pública.
Zaque disse que recebeu uma denúncia anônima, com documentos que evidenciavam a prática ilegal.
Segundo ele, a denúncia foi levada ao conhecimento do governador Pedro Taques (PSDB) em setembro de 2015. O governador, por sua vez, negou ter conhecimento do caso e entrou com um processo contra Zaque.
O esquema funcionaria por meio da chamada "barriga de aluguel", quando números de telefones de cidadãos comuns, sem conexão com uma investigação, são inseridos em um pedido de quebra de sigilo telefônico à Justiça.
No caso da denúncia, teria sido usado um inquérito que investigava uma quadrilha de traficantes de cocaína.
Ao pedir a quebra dos telefones dos supostos membros da quadrilha, teriam sido inseridos, ilegalmente, na lista encaminhada à Justiça, os telefones que interessariam ao grupo monitorar.
A decisão que autorizou as escutas contra a quadrilha partiu da Comarca de Cáceres, na fronteira do Brasil com a Bolívia.
Entre os grampeados estariam a deputada Janaina Riva (PMDB); o advogado José do Patrocínio; o desembargador aposentado José Ferreira Leite; os médicos Sergio Dezanetti, Luciano Florisbelo da Silva, Paullineli Fraga Martins, Helio Ferreira de Lima Junior e Hugo Miguel Viegas Coelho.
O inquérito sobre o caso está na Procuradoria Geral da República, sob comando do procurador Rodrigo Janot.