O deputado federal Victório Galli tem 56 anos, nasceu no pequeno município de Rosana, interior de São Paulo, é pastor da Assembleia de Deus em processo de doutoramento em práticas sociais aplicadas à vida diaconal.
Entretanto, é conhecido mesmo por suas posições firmes e defesa de pautas conservadoras no Congresso e fora dele. Frases e entrevistas costumam causar barulho entre colegas mais à esquerda e ativistas sociais. Volta e meia o nome de Galli surge em meio a polêmicas, como um vídeo em que aparece brincando com a sexualidade do personagem Mickey Mouse e outros do universo de animação criado pelo norte-americano Walt Disney.
O deputado federal Victório Galli tem 56 anos, nasceu no pequeno município de Rosana, interior de São Paulo, é pastor da Assembleia de Deus em processo de doutoramento em práticas sociais aplicadas à vida diaconal.
Entretanto, é conhecido mesmo por suas posições firmes e defesa de pautas conservadoras no Congresso e fora dele. Frases e entrevistas costumam causar barulho entre colegas mais à esquerda e ativistas sociais. Volta e meia o nome de Galli surge em meio a polêmicas, como um vídeo em que aparece brincando com a sexualidade do personagem Mickey Mouse e outros do universo de animação criado pelo norte-americano Walt Disney.
Recentemente, mulheres protestaram em diversas cidades do Brasil contra trecho da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 181/2015, aprovada por uma comissão especial da Câmara dos Deputados, que diz que devem os direitos constitucionais da dignidade da pessoa humana, da inviolabilidade da vida e a igualdade de todos perante a lei ser considerados “desde a concepção”, e não somente após o nascimento.
Para feministas e ativistas, isso seria uma manobra da bancada conservadora (católica e evangélica) para proibir todas as formas de aborto, inclusive dos casos hoje considerados legais (como os de gravidez fruto de estupro ou de fetos anencéfalos), já que inicialmente a emenda à constituição tratava somente da ampliação da licença-maternidade para mães com bebês prematuros.
Ele é a favor da PEC. A proposta ainda irá à análise no plenário da Câmara, mas Galli já manifestou voto favorável. Leia abaixo os principais trechos da entrevista que ele concedeu ao Site.
É realmente justificável toda e qualquer gravidez?
Sim. A gravidez não é de uma vida? Se é, temos que preservar essa vida.
Não é ainda mais violência fazer a mulher conviver com a lembrança viva de um estupro sofrido por ela?
O aborto também não é uma violência? Ela teria que conviver com outro trauma na sua vida, porque vai matar uma criança, tirar uma vida. Por isso sou a favor da vida, porque não se pode corrigir um estupro matando a criança, tem que corrigir o estupro colocando o criminoso na cadeia. É assim que funciona, infelizmente não tem pena de morte ou prisão perpétua no Brasil, porque o estuprador tem que morrer ou mofar na cela. Após ver, se de fato, o estupro aconteceu mesmo, claro. Tudo deve ser investigado certinho, para que as coisas aconteçam. Como não tem pena de morte e nem prisão perpétua, temos que aprovar uma lei no país de que o estuprador tem que ser castrado quimicamente, aí quero ver como ele vai estuprar alguém.
Como uma mulher pobre deve fazer para criar um filho que ela já sabia ter uma doença terminal ou limitadora e talvez anencéfala?
Eu sou a favor da vida em qualquer circunstância. Quer dizer que pra resolver um problema tem que cometer um crime? Não se pode solucionar a questão cometendo um crime. E seria isso (o aborto de mulheres estupradas e crianças anencéfalas), cometer um crime pra resolver um problema.
O senhor defende o seguimento irrestrito à letra da Bíblia, mas se fosse obedecer o Deuteronômio, teria que se vestir só de linho ou lã puros, também não poderia andar sem barba. Isso não é adaptação?
Pra começar, o Deuteronômio foi escrito para um povo. E esse povo era judeu. Eu sou gentio. O que acontece é que para interpretação é preciso teologia, isso que esse povo não tem, tá entendendo? E quer interpretar a Bíblia a seu próprio modo. Não é assim que funciona: a lei da guarda do sábado, por exemplo, foi dada para um determinado povo, como em Números, capítulo 20: é Deus falando para o povo de Moisés. Não era pra japonês, não era pra chinês, não era russo, era o povo de Abraão. Temos que interpretar a Bíblia sim, mas dentro do prisma teológico e não humanista.
Como determinar o que pode ser mudado e o que deve se manter então?
Tudo é estudo, acompanhamento, meu filho. Ouvir a maioria. Não se pode governar por minoria em uma democracia, pois se governa sempre por maioria. O problema que temos que entender e corrigir nessa prática dos direitos humanos é que temos de nos orientar sempre pela maioria. Respeitar as minorias sim, mas as regras devem ser determinadas pela maioria. Os deputados vão votar a favor da vida, não da morte.
O senhor não concorda que passagens como a de Esdras 9:14 são claramente racistas contra outros povos asiáticos e africanos?
Tem que interpretar o contexto.
Não são os mesmos argumentos, o da interpretação e contexto histórico, utilizados para proibir o casamento entre iguais, ser contra o aborto, exigir virgindade das mulheres?
Não pode interpretar de maneira errônea. Minha Bíblia gera vida, não gera a morte. O Deus que criou o céu e a Terra é o da vida e não o da morte.
Como fazer para que isso não valha só para as mulheres pobres, já que as ricas fazem abortos caríssimos em clínicas clandestinas?
A orientação, meu filho. Isso é a falta de Deus na vida. Acontece estupro porque as pessoas não têm Deus na vida, acontece aborto porque a mãe é criminosa, não tem Deus na vida; quem estupra tem o diabo no coração, é o diabo quem domina Tudo. As pessoas têm que ter Cristo na vida e aí as coisas melhoram.
Mas as leis não devem servir a todos, inclusive quem não acredita em Deus?
E o que eu disse pra você: tem que ser governo pra maioria, porque tem muito mais gente à toa do que ateu de verdade. Não é possível dizer que não acredita em Deus de maneira nenhuma. É mais fácil acreditar na própria não-existência do que que Deus não existe. Mas, enfim, em democracia quem determina e quem dá as cartas é a maioria.
Mulher que comete aborto deve ir mesmo presa?
É criminosa. Aonde é que vai parar um criminoso, qual o ponto final de um criminoso? Cara, nem animal faz isso, mas veja a que ponto chega o ser humano. O crime de aborto é igual ao de uma mulher que não pratica o aborto, mas joga a criança de lixo. Qual o maior crime, abortar ou jogar a criança na lata do lixo? É tudo igual, porque a vida começa na concepção. Uniu óvulo com o espermatozoide é vida.
Argumentos tautológicos não sempre esvaem-se em si mesmos?
Não. O que deve ser feito é um exame hermenêutico de tudo o que se discute.
Originalmente de RD News