Em grave crise política, econômica e social, o governo ditadorial da Venezuela deixou de pagar R$ 901 milhões, ou US$ 274 milhões no câmbio desta segunda-feira (19), referentes a uma parcela de empréstimos feitos junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vencida em janeiro. Com isso, o banco público acionou o FGE (Fundo Garantidor de Exportações) para ressarcir a parcela não paga.
Em grave crise política, econômica e social, o governo ditadorial da Venezuela deixou de pagar R$ 901 milhões, ou US$ 274 milhões no câmbio desta segunda-feira (19), referentes a uma parcela de empréstimos feitos junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vencida em janeiro. Com isso, o banco público acionou o FGE (Fundo Garantidor de Exportações) para ressarcir a parcela não paga.
Na prática, quem assume o prejuízo de quase R$ 1 bilhão é o governo brasileiro. Pelo menos até o pagamento da dívida pelos venezuelanos. O FGE é um fundo do Tesouro Nacional ligado ao Ministério da Fazenda e tem como finalidade dar cobertura às garantias prestadas pela União nas operações de crédito à exportação.
O objetivo é "segurar as exportações brasileiras de bens e serviços contra os riscos comerciais, políticos e extraordinários que possam afetar as transações econômicas e financeiras vinculadas a operações de crédito à exportação", segundo o texto da Lei 9.818/1999, que instituiu o fundo.
Como estes empréstimos foram tomados pela Venezuela para contratar empresas brasileiras, foram segurados pelo FGE. Ou seja, além de emprestar o dinheiro, o Brasil também é o fiador da transação.
De acordo com o BNDES, a Venezuela pagou desde 2002 mais de 50% do total de empréstimos concedidos pelo banco aos governos ditatoriais de Hugo Chávez (que deu golpe e tornou o país vizinho em puro comunismo de 1999 a 2013, quando morreu) e o agora Ditador Nicolás Maduro (que assumiu depois de Chávez e continua no poder até hoje) ou o equivalente a R$ 4,92 bilhões entre principal da dívida, juros e encargos financeiros.
A Venezuela ainda deve para o banco público brasileiro o equivalente a R$ 3,15 bilhões. Destes, R$ 2,36 bilhões referentes a apenas obras de empreiteiras brasileiras no país, mais de 90% delas tocadas por empresas envolvidas na Operação Lava Jato.
Em janeiro, Venezuela pagou US$ 262 milhões, ou R$ 860 milhões no câmbio de segunda-feira, ao BNDES referentes a outra parcela da dívida, vencida em setembro do ano passado, e evitou o calote. Na ocasião, o BNDES aguardou o pagamento prometido pelos venezuelanos e não cobrou a dívida do FGE.
Moçanbique já deu calote no Brasil
Esse não é o primeiro calote de governos estrangeiros junto ao BNDES. Em novembro de 2017, União ressarciu R$ 124 milhões ao banco, referentes a um financiamento de US$ 22 milhões concedido a Moçambique que não foi pago. Ao todo, o país africano deve cerca de R$ 1,5 bilhão ao BNDES.
O apoio aos negócios de empresas brasileiras no exterior fez parte do projeto das chamadas "campeãs nacionais", nos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT. Neste período, as empreiteiras brasileiras expandiram sua presença na África e na América Latina graças a empréstimos do BNDES, que ajudou a elevar as exportações brasileiras sob risco de calotes.
O BNDES informa que "os governos do Brasil e da Venezuela vêm se empenhando para a retomada dos pagamentos". Procurado pelo, o Ministério da Fazenda não se manifestou sobre o tema. A reportagem não localizou representantes do governo venezuelano para comentar a situação.