O Frigorifico Mata Boi, de propriedade do empresário Ciro Zanchet Miotto, pagou R$ 2,5 milhões a título de propina para ser beneficiado através do programa de incentivos fiscais do Governo do Estado, o Prodeic. A revelação consta em delação premiada do ex-secretário de Estado, Pedro Nadaf, à Procuradoria Geral da República (PGR).
O Frigorifico Mata Boi, de propriedade do empresário Ciro Zanchet Miotto, pagou R$ 2,5 milhões a título de propina para ser beneficiado através do programa de incentivos fiscais do Governo do Estado, o Prodeic. A revelação consta em delação premiada do ex-secretário de Estado, Pedro Nadaf, à Procuradoria Geral da República (PGR).
O termo foi homologado pelo ministro Luiz Fux, Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo Nadaf – que na época era secretário da Industria e Comércio (SICME) - a propina de R$ 2,5 milhões serviu para quitar dívidas que o governador Silval Barbosa mantinha com dono de uma factoring.
Nadaf explicou que o ano era 2010 e que o empresário emprestou dinheiro para que Silval pagasse uma dívida junto aos deputados estaduais, que teriam recebido um "mensalinho" para aprovar as contas do governo naquele ano. Dessa forma, Silval teria pedido para que Nadaf entrasse em contato com um empresário de confiança que pudesse saldar a dívida. “Na primeira reunião que o colaborador [Nadaf] teve explicou a ele que tinha que conseguir um empresário que pudesse saldar essa dívida, tendo então o empresário se prontificado a procurar alguém conhecido e de sua confiança que pudesse auxiliar, passados alguns dias, em outra reunião que teve com o empresárioem seu gabinete na Sicme foi o colaborador apresentado ao empresário Ciro Zanchet Miotto, proprietário do Frigorífico Mata Boi sediado na cidade de Rondonópolis-MT”, diz trecho da delação.
Nessa reunião, Nadaf disse que ofereceu ao empresário incentivos fiscais, caso ele aceitasse quitar a dívida de R$ 2,5 milhões que Silval tinha. Conforme Nadaf, Miotto topou o acordo. “Dessa forma o colaborador acabou por conceder os incentivos fiscais para o Frigorífico Mata Boi consoante combinado com Ciro Zanchet Miotto, ao passo que o empresário pagou diretamente dentre os anos de 2012 a 2014 a dívida de Silval Barbosa”, destaca a delação.
Nadaf salientou ainda que além da quantia de R$ 2,5 milhões, Miotto lhe repassou mais R$ 250 mil, também a título de propina que serviu para quitar outras dívidas de Silval. “Ciro Zanchet Miotto entregou ao colaborador, também a título de propinas por conta dos incentivos fiscais que foi concedido a sua empresa, durante os anos de 2012 a 2014, em quatro situações cujas datas não sabe precisar, além de um depósito na conta de sua empresa NBC no valor de R$ 100 mil, o montante total de R$ 250 mil, na maior parte em dinheiro, sendo que desse valor o colaborador utilizou R$ 200 mil para saldar outras dívidas do ex-governador, se beneficiando, contudo com o valor de R$ 50 mil", ressalta trecho da delação.
Investigações da Delegacia Especial em Crimes Fazendário e Contra a Administração Pública (Defaz), da Polícia Civil, constaram que a organização criminosa montada por Silval no Governo do Estado desviou milhões de recursos públicos, por meio do programa de incentivos fiscais, o Prodeic. Esse esquema operou na cúpula central do Governo de Mato Grosso entre anos de 2011 a 2015, e ainda contava com os secretários de Estado Pedro Nadaf (Casa Civil); Marcel de Cursi (Fazenda); o ex-procurador Francisco Lima, o Chico Lima; o ex-chefe de gabinete de Silval, Silvio Cezar; e a ex-secretária da Federação do Comercio de Mato Grosso (Fecomércio), Karla Cintra.
Todos eles respondem na Justiça pelos crimes de lavagem de dinheiro, extorsão e concussão - ato de exigir para si, ou para outrem, vantagem indevida. A denúncia foi aceita pela Sétima Vara Criminal de Cuiabá e os acusados se tornaram réus no processo, que se iniciou em 2015.
Originalmente Folhamax