Um e-mail recuperado pela Polícia Federal comprova a suspeita de que o sócio da JBS, Wesley Batista, atuou no mercado de ações para proteger a empresa de eventuais prejuízos decorrentes da delação premiada que ele e o irmão, Joesley, estavam prestes a firmar, em abril deste ano.
As informações constam no pedido de prisão dos irmãos feito pelo MPF-SP (Ministério Público Federal em São Paulo) e acatado pela Justiça Federal.
Um e-mail recuperado pela Polícia Federal comprova a suspeita de que o sócio da JBS, Wesley Batista, atuou no mercado de ações para proteger a empresa de eventuais prejuízos decorrentes da delação premiada que ele e o irmão, Joesley, estavam prestes a firmar, em abril deste ano.
As informações constam no pedido de prisão dos irmãos feito pelo MPF-SP (Ministério Público Federal em São Paulo) e acatado pela Justiça Federal.
Na mensagem, de 24 de abril (23 dias antes da divulgação da delação), o gerente de risco da JBS, Felipe Bianchi, diz a um grupo de pessoas ter recebido “a ordem do Wesley para comprar o equivalente a 50 milhões de reais em ações da JBS no mercado”.
De acordo com o documento, Joesley Batista havia determinado, na mesma época, “a venda de lotes de ações da JBS S/A pela sua controladora FB Participações”. “Esta venda foi realizada em período simultâneo à determinação de Wesley Batista de recompra de ações da JBS S/A pela própria companhia”.
A Procuradoria ainda diz que um dos crimes dos irmãos foi, justamente o de negociar ações da própria empresa em um momento que sabiam que elas seriam afetadas no futuro.
“Por sua vez, não parece haver dúvidas do impacto que a colaboração premiada trouxe para o mercado de valores mobiliários. Além das informações indicadas pela Autoridade Policial, destaque-se que no dia seguinte à divulgação da colaboração houve a utilização do mecanismo do circuit breaker, que não era aplicado há 9 anos. O valor das ações da própria empresa (JBSS3) desvalorizaram mais de 37% após o vazamento do acordo”, acrescentam os procuradores.
Os irmãos Batista também atuaram de maneira “atípica”, segundo a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), no mercado de câmbio.
“Segundo se apurou, a JBS S/A montou posições por meio da aquisição simultânea em bolsa de contratos futuros de dólar e a aquisição em mercado de balcão organizado de contratos a termo de dólar sem entrega física, que totalizavam, ao final do pregão de 17 de maio de 2017, um valor nominal comprado de USD 2.814.000.000 (dois bilhões e oitocentos e catorze milhões de dólares americanos)”.
No dia seguinte à divulgação do acordo dos irmãos Batista, o dólar subiu 8,15%. No pedido de prisão dos dois consta que, “em consequência desta atuação, a JBS teve um potencial de ganho de aproximadamente R$ 100 milhões, segundo a CVM”.
Outro lado
O advogado Pierpaolo Bottini, que defende os irmãos, afirmou que não há qualquer fato novo que embasasse a prisão deles. “A investigação corre há meses, com plena participação dos investigados. Não há um elemento que sustente essa prisão, que além de ilegal e arbitrária, coloca em descrédito o instituto da colaboração”.
A defesa vai pedir a liberdade dos empresários.
E-mail é uma das provas do MPF-SP contra os irmãos Batista