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04/02/2017 às 19h18

Eles construíram a América

Aeroporto Internacional de Los Angeles, segunda-feira, 30 de janeiro. Na área de desembarque, o iraniano Hossein Khoshbakhty, que deixou para trás a guerra e as atrocidades em seu país
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Eles construíram a América
TERRA NOVA Na chegada, os imigrantes eram recebidos na Ilha Ellis, onde está a Estátua da Liberdade

Aeroporto Internacional de Los Angeles, segunda-feira, 30 de janeiro. Na área de desembarque, o iraniano Hossein Khoshbakhty, que deixou para trás a guerra e as atrocidades em seu país, chorou ao receber a notícia de que o irmão, que faria uma visita de trabalho aos Estados Unidos, havia sido impedido de entrar em solo americano. Com as mãos no rosto e a voz embargada, ele questiona: “Por que tenho que ser punido por um problema que envolve outras pessoas? Nós somos pessoas, não somos governos.” Hossein se tornou cidadão americano há quase 20 anos e trabalha no setor de construção civil. Na mesma tarde, no Aeroporto Internacional de Dulles, em Washington DC, um garoto de cinco anos foi algemado, separado da mãe iraniana e detido sob a acusação de colocar a segurança do local em risco. A justificativa do governo para o ato absolutamente inexplicável? “Supor que apenas por conta da idade ou do sexo uma pessoa não representaria uma ameaça seria uma ideia equivocada”, bradou Sean Spicer, secretário de imprensa do presidente americano Donald Trump. Quatro horas depois, o menino pode finalmente se encontrar com a mãe, que cochichou em seu ouvido “feliz aniversário”, o abraçou e o beijou. Ainda temerosos, ambos voltaram para casa, em Maryland, onde vivem. Em Nova York, o visto especial de Hameed Khalid Darweesh, iraquiano que trabalhou por anos como intérprete das tropas americanas em seu país, não o impediu de passar 19 horas detido no aeroporto John F. Kennedy no sábado 28. “Sabem quantos soldados americanos cumprimentei com essas mãos?”, perguntou, já em liberdade. Teve fim também o sonho do iraniano e cidadão americano Roozbeh Aliabadi de se casar com a arquiteta Zhinous, que vive no Irã. Antes da posse de Trump, o pedido de concessão para levá-la aos EUA foi aceito. Mas as novas regras impedirão que celebrem o matrimônio no país.