11/02/2018 às 16h35
Em cartaz Deputado Jair Messias Bolsonaro
Não é um ato de campanha. O grupo está apenas 'inaugurando' um outdoor em apoio ao candidato
Política
Foto reprodução / Saocarlosagora.com.br
Fogos de artifício riscam o céu do sertão cearense. Em fila, veículos seguem em carreata, enquanto um grupo vestido de verde e amarelo grita o nome do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).
Não é um ato de campanha. O grupo está apenas "inaugurando" um outdoor em apoio ao candidato, instalado numa das principais avenidas de Sobral, quinta maior cidade do Ceará e principal reduto de outro presidenciável: Ciro Gomes (PDT).
Na entrada de Garanhuns (PE), cidade natal do ex-presidente Lula (PT), foi instalada uma placa com a frase "É melhor Jair se acostumando".
Peças em homenagem ao pré-candidato a presidente Jair Bolsonaro, primeiro colocado nas pesquisas no cenário sem Lula, espalharam-se pelo país. A Folha contabilizou pelo menos uma centena de cidades que já receberam outdoors com a imagem do deputado e frases que exaltam sua vida e carreira.
O movimento tem maior força no Nordeste -só em Pernambuco há placas em 17 municípios, incluindo um outdoor digital no Recife.
As propagandas são pagas por grupos de direita, que se mobilizam em vaquinhas virtuais e vendas de camisas e adesivos para arrecadar fundos. Mas também há casos em que são bancadas por entidades civis -o Atire (Associação de Tiro do Recife) pagou o outdoor na capital pernambucana.
Os movimentos ouvidos pela Folha afirmam que Bolsonaro não tem participação nesses atos e nem contribuiu financeiramente com eles.
Somente no site "Vakinha", há 34 grupos arrecadando recursos para instalar um outdoor de Bolsonaro, cujo custo varia de R$ 600 a R$ 2.000. Movimentos de Natal (RN), Taubaté (SP) e Poços de Caldas (MG) já bateram a meta.
JUSTIÇA
O Ministério Público Eleitoral já solicitou a retirada dos outdoors em Estados como Bahia, Rondônia e São Paulo, alegando que seriam propaganda eleitoral antecipada.
Tal ato só é permitido por lei a partir de 16 de agosto. Durante a campanha, porém, os outdoors são proibidos.
No caso baiano, as placas foram liberadas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em decisão monocrática do ministro Luiz Fux. Ele argumentou que a lei eleitoral só considera propaganda antecipada o pedido explícito de voto.
Para o procurador Regional Eleitoral da Bahia, Cláudio Gusmão, os outdoors têm nítido pretexto eleitoral, ainda que não peçam voto.
"É paradoxal que uma mídia proibida no período eleitoral seja usada para promover pré-candidatos fora do período de campanha", afirma.
Para evitar problemas com a Justiça, os grupos evitam palavras como "vote", "presidente" e até mesmo "2018".
GRUPOS DE DIREITA
O fenômeno dos outdoors demonstra a proliferação de grupos de direita no país após as manifestações de 2013. O Direita Ceará, por exemplo, já superou a fase da internet e tem até sede própria.
Presidente do Endireita Pernambuco, Nelson Monteiro Neto, 33, afirma que os outdoors são uma forma de levar as ideias de Bolsonaro a quem não o conhece. "Por incrível que pareça, conheço muita gente que ia votar em Lula e agora apoia Bolsonaro", diz.
Rafael Yonekubo, 37, coordenador do Direita Mato Grosso, tem opinião semelhante: "Sou comerciante e percebo que 70%, 80% de meus clientes são conservadores, mas não sabiam. Quando falo das ideias do deputado, eles estão em total acordo."
O grupo é contra a legalização das drogas, a descriminalização do aborto e o ensino de questões de gênero nas escolas, ideário caro a Bolsonaro.
Algumas atitudes do deputado, contudo, dividem opinião de seus integrantes, como os elogios à ditadura militar. "No grupo até há uma pequena parcela que defende uma intervenção militar, mas não é nossa opinião oficial. Defendemos a democracia e a economia de mercado, valores que o Bolsonaro representa", diz Yonekubo.
Alguns grupos chegam a enfrentar percalços. Em Juazeiro (BA), Dourados (MS) e Rio Branco (AC), placas foram vandalizadas por opositores, que deixaram mensagens como "Tortura nunca mais" e "Bolsonazi" nos outdoors.
Em São Carlos (SP), os adversários foram mais irreverentes: Bolsonaro está agora de batom, brincos e colar numa das esquinas da cidade.
No sudoeste baiano, eleitores prometeram substituir um outdoor danificado por outros dois: "Bolsonaro em dobro", disse o grupo Direita Jequié.
Fonte: FOLHA DE S. PAULO - SP - Redação: João Pedro Pitombo / Marco Rodrigo Almeida
Paula
Isso é um ato do povo, nada tem a ver com campanha eleitoral. Um país que têm os políticos mais corruPTos do mundo com um judiciário que é um nojo , é bem a cara tentar impedir um ato espontâneo do povo em prol do futuro presidente11/02/2018 17:10