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22/01/2019 às 16h51

Emanuel Pinheiro, Mauro Mendes e Jair Bolsonaro, algo os une

Política
Emanuel Pinheiro, Mauro Mendes e Jair Bolsonaro, algo os une
Fotos reprodução Internet
A pressão

A pressão política, que pode ser resumida em uma cobrança por resultados, é algo comum contra os políticos que estão no executivo. Nenhum dos poderes será maior vidraça do que o Executivo. Há razões históricas e culturais para esse resultado. Desde uma concepção socialista de governo, em que o Governadores, Prefeitos e Presidentes vencem eleições prometendo soluções quase que impossíveis; e para o cumprimento de parcela dessas promessas milagrosas, precisam transformar o Estado em uma Máquina arrecadadora gigantesca com uma estrutura ingovernável. E, por outro lado a nossa cultura é paternalista, temos uma sociedade criada sob o manto do “Estado pai e mãe” de todos. Quem nunca disse esse slogan sem pensar nas consequências: “Nós temos direito a isso ou aquilo”. Muitos não se dão conta de que não existe almoço grátis.

Ao mesmo tempo, poucos saberão endereçar suas demandas. Fiz uma busca por informações sobre os principais problemas e demandas de Cuiabá, como, p. exemplo: asfaltamento, saúde, educação, segurança pública, infraestrutura e trânsito. E, percebi que há questões sendo cobradas da Prefeitura, sobre os mais variados problemas crônicos, históricos ou comuns, muitas vezes, que deveriam ser cobradas de outras esferas de governo, não exatamente da prefeitura e vice-versa.

Canal de comunicação

Mas há um canal de comunicação tecnológico e específico na cidade de Cuiabá ou no Estado de Mato Grosso, por exemplo, que sirva de referencial para informar sobre competências e capaz de captar demandas por parte da população, nessa nova era da informação? Afinal, os governos existem para atender a população e facilitarem nossas vidas, não o contrário. 

É sabido que vereadores e prefeitos são os políticos mais próximos do povo, com isso devem dar uma posição sobre tudo que for lhes cobrado, mesmo que algumas soluções efetivas devam ser dadas por outras esferas, não dá para fugir da raia. E, está claro que, com o advento das mídias sociais e aplicativos, um cidadão consegue falar pelo Twitter, Instagram, WhatsApp ou Facebook com um deputado, senador, prefeito e até com o presidente da República. Outro canal que deveria funcionar era a famosa “ouvidoria”. Antigamente era comum uma linha telefônica direta disponível para captar demandas e reclamações, as velhas ouvidorias. Mas esse serviço parece-nos que parou no tempo, precisa ser melhor utilizado, após uma reformulação tecnológica.

Não é surpresa que os políticos mais próximos do povo são os vereadores e prefeitos dos mais de 5 mil municípios do país, o contato pode ocorrer também no tête-à-tête. Porém, o celular está à mão de todo cidadão e um canal de comunicação mais eficiente poderá ajudar muito.

Observemos alguns aspectos:

1. O cidadão sabe a quem, efetivamente, deverá recorrer para tratar sobre as demandas de sua cidade? Em muitos casos, não saberá;

2. Será que a população sabe dizer de quem é a competência para resolver determinados problemas de sua comunidade? Na verdade, em boa parte dos casos, não sabe.

3. O cidadão ao realizar uma cobrança para a classe política, mesmo que não enderece corretamente a demanda, deverá ser atendido? Sim, com toda certeza deverá ser atendido.

4. Como não desperdiçar tempo e o contato com o cidadão? Por meio de um sistema de Ouvidoria tecnológica.

5. Qual alerta é necessário levar aos vereadores e deputados, prefeitos e governadores? Construir uma linha direta tecnológica de comunicação com a população. É fundamental que estejam cada vez mais próximos dos contribuintes. Essa “Nova Era” política requer homens públicos cada vez mais atentos, participativos, informados e que administrem melhor o tempo. E, isso somente por meio de aparatos tecnológicos e vontade política.

6. O que fazer com aquele político “pop star”? A honestidade intelectual é um dos principais fatores; a proximidade do poder público com a população, manter prefeitos alinhados com as câmaras, manter os governadores antenados com as assembleias; antecipação de ações, nada de surpresas ou soluções mágicas; e parcerias, envolvendo o legislativo, judiciário e executivo, podem anular debates midiáticos, discussões desnecessárias e polêmicas.

Em muitos casos, o embate de egos consome o tempo que deveria ser gasto em assuntos que teriam resultados mais proveitosos para a população.

Duas das alternativas para se evitar embates improdutivos é a distribuição de responsabilidades (incluindo a oposição) e o compartilhamento de informações e decisões da gestão (população em geral).

7. Há quem queira colocar os problemas num frasco de conserva para capitalizar votos num futuro? Sim, isso é muito comum. E, isso pode ocorrer tanto por parte da oposição, mas também por aqueles que pretendam a perpetuação no poder.

8. Como a população poderá se blindar de manipulações da mídia, dos governos e da própria oposição? Ouvindo, sempre, os dois lados, checando informações.

9. Administrar egos pode ser muito mais difícil do que administrar uma capital ou um Estado? Sempre haverá na política aqueles que precisam ter seus egos alimentados, e essa tarefa não é tão simples, por isso a Política da Prudência é uma vacina muito eficaz.

É claro que administrar uma cidade, a burocracia, seus problemas crônicos e problemas financeiros são tarefas quase impossíveis na atualidade. Ser prefeito ou governador não é para qualquer um. Por isso, cautela e muito planejamento de ações são necessários.

Falta de comunicação

Um dos melhores meios de comunicação é o WhatsApp, as notícias chegam em velocidade maior que qualquer site de notícias. Mas, por outro lado, cheguei a ouvir em um determinado grupo de WhatsApp que a enchente na região do Porto, ocorrida no último final de semana, seria por negligência do Presidente Bolsonaro, outros diziam que a culpa seria do Prefeito de Cuiabá e outros diziam que a culpa seria da Prefeita de Várzea Grande. O que é assustador foi uma conclusão tão rápida sobre o “culpado” sem que fosse possível uma investigação ou nota dos órgãos competentes sobre o ocorrido. Uma coisa é certa, há outros culpados, incluindo aqueles que jogam lixos nas ruas e problemas crônicos de infraestrutura de décadas. Óbvio que a solução efetiva deva ser dada pelos órgãos públicos, mas me refiro a precipitação e a necessidade de se apontar, sempre, um culpado e o primeiro a levar a paulada, em regra, é o Executivo, conforme eu afirmei em outro trecho deste artigo.

Parece loucura, mas a política não é menos complexa que a mente humana; e a desinformação será um obstáculo ao desenvolvimento do país, por décadas. O sujeito pode não gostar do Presidente Bolsonaro, do Governador Mauro Mendes ou do Prefeito Emanuel Pinheiro, seja pelo motivo que for, seja por razões pessoais, administrativas ou ideológicas; mas, por outro lado, nunca poderá perder a conexão com a realidade dos fatos. Afinal, nenhum deles está de braços cruzados (até porque querem entregar seus mandatos com algum resultado positivo) e nenhum deles irá resolver todos os problemas que já assolam a população por décadas. Talvez, amenizar o sofrimento e estabelecer novos rumos e soluções que deverão trazer resultados no curto, médio e longo prazos, sim.

Conclusão

Fato é que há muitos problemas e nem sempre a população saberá a quem recorrer, ou por desinformação ou desinteresse. Há problemas que são solucionados parcialmente e devemos compreender a razão disso, mas a compreensão somente será aceita quando a informação chegar à população.

E, quanto as demandas observadas no início deste artigo, as mesmas demandas de sempre, desde que me lembro das gestões de Roberto França, Wilson Santos, Mauro Mendes e Chico Galindo. Todos eles já enfrentavam os mesmos problemas e mesmas reclamações, na maioria das vezes.

Há poucos dias dei uma entrevista e mencionei que gestores costumam atacar os EFEITOS dos problemas, nunca atacam as CAUSAS dos problemas, esse fator deve ser analisado de forma profunda. Mas isso será tema para um próximo artigo.

E, para concluir, quero fomentar uma reflexão sobre a criação de um canal de comunicação que possa facilitar e ampliar a relação entre os munícipes e as esferas de governo.

Estamos vivendo em uma determinada cidade e as demandas, por exemplo, um problema de trânsito, via fechada ou um simples sentido de rua, que precisem de um estudo e soluções, precisam chegar ao Poder Público. O contato irá contribuir com os gestores e nós iremos receber respostas mais rápidas. Uma cidade modelo ajuda o Estado que ajuda o país. E o resultado disso somente será possível com a contribuição de todos. A prefeitura não um problema do Prefeito. O Governo não é um problema do Governador. O país não é um problema do Presidente. É um problema de todos nós.

Manoel Carlos, é Analista Político do Programa Tiro Certo e atua como marqueteiro