O governo do Espírito Santo defendeu junto ao Ministério da Agricultura que não libere a importação do café robusta do Vietnã para atender às indústrias de café torrado, moído e de solúvel. A possível liberação “pontual e em volume pré-definido” foi anunciada pelo secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, em entrevista publicada hoje no jornal Valor Econômico.
O governo do Espírito Santo defendeu junto ao Ministério da Agricultura que não libere a importação do café robusta do Vietnã para atender às indústrias de café torrado, moído e de solúvel. A possível liberação “pontual e em volume pré-definido” foi anunciada pelo secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, em entrevista publicada hoje no jornal Valor Econômico.
O secretário de Agricultura, Octaciano Neto, observa que a medida prejudica os produtores capixabas, "que já enfrentam sérias dificuldades em decorrência da pior seca dos últimos oitenta anos que atinge o Estado e que, nos últimos três anos, agravou os impactos sobre a produção e acarretou queda significativa nos resultados”.
Segundo o secretário, na manhã desta quarta-feira o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, entrou em contato por telefone com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, “para sensibilizar o governo federal e pedir que não seja autorizada a importação do produto”.
Como objetivo de ampliar o debate, o secretário Octaciano anunciou que a Câmara Setorial do Café, desativada desde 2004, será reativada no Estado. Ele lembra que a atividade cafeeira capixaba é responsável por 35% do Produto Interno Bruto (PIB) Agrícola do Estado e gera em torno de 400 mil empregos diretos e indiretos. Dados da equipe técnica da Secretaria Estadual de Agricultura apontam que a importação do robusta vai afetar diretamente os produtores, que tiveram o custo da produção aumentado por conta da seca.
“O Governo do Espírito Santo é contra a importação. A seca fez com que o custo aumentasse e a produção caísse. A safra deste ano deverá fechar em 5,3 milhões de sacas contra 7,7 milhões em 2015. Além disso, por conta da lei trabalhista, fiscal e ambiental do Brasil é mais caro produzir aqui do que em outros países, como no Vietnã. Essa importação, se autorizada, vai representar a queda no valor do produto e atingir diretamente nossos produtores que tiveram um ano muito difícil. E ainda há o risco fitossanitário, pois os grãos vêm verdes para cá e podem trazer alguma praga”, afirma Octaciano Neto.
Na próxima segunda-feira (19), o secretário da Agricultura, Octaciano Neto, o deputado federal Evair de Melo, e o representante da Federação da Agricultura do Espírito Santo, Silvano Bizi, vão participar de reunião, em Varginha (MG), onde a importação do café robusta do Vietnã será discutida entre o governo federal e os produtores.