Amor. Substantivo masculino.
Forte afeição por outra pessoa nascida de laços de consanguinidade ou de relações sociais.
Atração baseada no desejo sexual... Etc...
Hoje, logo que acordei, essa foi a primeira pesquisa que fiz no meu celular. Sabe aqueles dias que você acorda cheio de lembranças e fica perdido nos pensamentos durante algum tempo pensando sobre sua vida? Pois é, hoje é um desses dias…
O amor, além desses significados lindos do dicionário, é um sentimento de grande intensidade no meu dia a dia. Eu o considero como o sentimento mais puro e mais bonito que possa existir. O amor-próprio, o amor nas relações, o amor entre amigos, o amar na família. Todos esses amores são como uma montanha russa, cheios de altos e baixos.
Alguns estudiosos afirmam que nossa dificuldade de amar tem como fonte uma certa confusão sobre o que significa o sentimento, já que usamos a palavra para nomear praticamente tudo, pulverizando seu significado. Os dicionários enfatizam o amor romântico na busca de defini-lo, mas para mim amar é muito mais do que sentir uma afeição profunda por uma pessoa. Amor para mim é ação.
Quantas vezes você já ouviu, eu amo você? Quantas vezes você já leu um, "Eu te amo?
Hoje me perguntei, por que o amor posto nas relações se tornou tão banal, tão repetido em frases soltas, passageiro?
Todos nós crescemos com a ideia de que vamos encontrar alguém e amar a tal ponto que vamos viver a vida toda juntos e fazer valer as histórias dos contos de fadas...
E alguns casos realmente acontece e é incrivelmente lindo.
Em outros casos é diferente, vem a pressa e faz com que a racionalidade perca força, a gente começa a se envolver e vai se deparando com alguns desfechos, você gosta da pessoa e ela não gosta de você tanto assim, a pessoa está muito apaixonada por você e você não está na mesma sintonia, os dois estão muito apaixonados, os dois não estão tão apaixonados assim…
E é a decisão que tomamos a partir desse desfecho, que vai influenciar o significado que a palavra amar, ganhará na vida do outro.
Quem não já ouviu alguém falar, que nunca mais amaria alguém na vida, depois de uma decepção?
O amor é um sentimento tão forte, tão genuíno que assusta, mas eu estou falando do amor, amor mesmo, aquele que sai do nosso coração entra na cabeça e faz com que a gente só pense na pessoa e não veja outra opção a não ser estar ao lado dela durante uma vida inteira.
Mas aí algumas pessoas, por não terem entendido ou vivenciado nenhum dos diversos amores, por medo ou por gostarem de fazer joguinhos, começaram a usar a palavra amor como instrumento de sedução e nos fizeram perceber que: falar de amor é fácil, todo mundo fala, mas viver o amor é um presente que só quem souber filtrar todos os seus significados e conseguir desviar das armadilhas da vida, vai conseguir desfrutar.
Existe no amor fraterno uma pureza e uma beleza única, mas hoje, contestada. Quantos pais abandonam seus filhos após uma separação, esse amor não teria que ser o laço mais forte e mais poderoso do mundo? Triste de quem acredita que pode ser amado por alguém que não é capaz de amar seu próprio filho. Como acreditar no amor, de quem não é capaz de amar e cuidar de seus pais, avós na sua velhice.
Dizem que quem ama tem que fazer sacrifícios, e usam a vida e morte de Cristo como justificativa, Quando você só faz o que pode, não está fazendo sacrifício, quando você faz apenas para chamar a atenção, não é sacrifício, quando vai ter de volta aquilo que deu ou fez, não é sacrifício, não está se abdicando de nada... Renunciar a algo provisório, não é sacrifício. Sacrifício é feito em silêncio, sem justificativas, sem esperas ou trocas.
Se sacrificar por alguém que ama é algo que não é dito, não é falado, é feito e pronto. Não tem mérito, ou prêmios, tem reconhecimento e amor, muito amor. Amor que não é dito, é sentido, demonstrado.
Falar de amor talvez gere constrangimento, pois chama a atenção de que sua falta é mais comum do que sua presença nos dias de hoje. Já perceberam como muita gente fala sobre o amor? Existem explicações e tantas falácias sobre amor, as redes sociais viraram uma espécie de Academia Brasileira de Letras voltada para discutir o sentimento. Os textos até são bonitos, repletos de frases de efeito e dão receitas para cultivar o amor, semear amor, e até como ser amado. Quem lê tudo isso até pensa "nossa, que pessoa sensível, ou meu Deus o que já deve ter vivido...”, mas, pouco tempo depois, a mesma pessoa que discursou lindamente posta que está cansado de sofrer por amor.
Ué, cadê a sensibilidade e o extremo entendimento sobre as relações amorosas?
O maior dilema amoroso desses tempos é falar demais. É achar que sabe tudo, que conhece tudo e todos... A maioria fala demais sobre o amor, têm fórmulas incríveis, porém, não colocam em prática. Quando falantes palestrantes virtuais, percebem que o mar do amor às vezes pode ser revolto, contrariando sua filosofia barata, abandonam o barco imediatamente e comunicam a decisão por textos, mensagens em redes sociais ou aplicativos, mais do que falar sobre amor, precisamos vivê-lo em todas suas nuances.
É fácil falar de amor quando não se pratica, é fácil julgar quando não se conhece.
Vivemos numa sociedade que considera falar de amor algo ingênuo, retrógrado, infantil e ao mesmo tempo, cínico. A palavra amor tem sido usada, de forma tão debochada e o desamor é vivenciado como normal.
Eu acredito que por tudo isso, e exatamente por isso, falar de amor se tornou extremamente necessário e, por que não, revolucionário, todos nós ansiamos por senti-lo, é uma necessidade intrínseca de nosso ser. Mas, de alguma forma, apesar de sabermos de sua importância, somos literalmente bombardeados por seu fracasso.
Sabe, amar e muito mais que mobilizar afetos, o amor é uma atitude ética, com princípios que motivam e orientam o comportamento humano. Assim, se o “amor é o que o amor faz”, nos vemos convocados a assumir a responsabilidade e o compromisso com esse aprendizado. Eu acredito que a solução mais efetiva e afetiva para vencer os dispositivos de ódio presentes em nossa sociedade é, justamente, regressar a esse sentimento. Quando colocado na centralidade da vida, tem a potência de transformar, inclusive, diferentes esferas como a política, a religião, o local de trabalho, o ambiente doméstico e as relações íntimas. Afinal, como afirmou o pastor Henrique Vieira, “o amor sensibiliza o coração, amplia o olhar, areja a mente, estende a mão e coloca nossos pés nos caminhos da paz”.
Assim, acredito que vale a pena aprofundar nosso conhecimento e reflexão a respeito desse tema. Quero com meu artigo, ajudar a mim e outras pessoas, a não só resgatar a esperança de que o amor é possível, mas que consigamos construir em nossas vidas uma ética amorosa capaz de transformar tudo ao nosso redor. Se pararmos e olharmos à nossa volta, não existem escolas que ensinam a amar? Aprendemos inúmeras habilidades, mas quando se trata dessa especificamente, todo mundo supõe que saberemos, instintivamente, a amar. E é tão fácil perceber que aqueles que não experimentam o amor no núcleo familiar, vivem normalmente a repetição dos dramas vividos na infância e, diante da decepção da idealização não alcançada do amor perfeito, passam uma vida inteira tentando desfazer os danos causados pelo desamor que experimentaram.
Precisamos reconhecer quão pouco sabemos sobre isso na teoria e na prática, para que possamos abrir nossos corações novamente. Devemos encarar a confusão e a decepção em relação ao fato de que muito do que nos foi ensinado a respeito da natureza do amor não faz sentido quando aplicado à vida cotidiana.
Na busca por encontrar uma definição significativa.
Eu tenho aprendido a enxergar o amor como uma ação, ao invés de um sentimento que foge do nosso controle, podemos entender que o amor não está dado, mas é uma construção cotidiana, que ganha sentido a partir de escolhas conscientes nesta direção. Para amar verdadeiramente, precisamos aprender a misturar vários ingredientes: carinho, afeição, reconhecimento, respeito, compromisso, confiança, honestidade, cuidado, amparo e comunicação aberta. Cada aspecto isolado corresponde a uma dimensão do amor, mas não ao amor em si. É por isso que muitas vezes, em nossas relações, podemos nos sentir cuidados, podemos até sentir afeto, mas não nos sentimos amados.
Fato é que não há muitos debates públicos a respeito do amor em nossa cultura hoje. Assim, voltamos aos livros, aos filmes, músicas e poesias para ver nossos anseios amorosos expressos.
O amor romântico se tornou o formato fundamental dessa expressão e, por isso, sempre que pensamos no sentimento como um todo, acabamos colocando as lentes do romantismo. Ainda, por um longo período, as histórias, mitos e cânticos sobre ele estavam sempre imersos em paixão, o que consolidou uma perspectiva de que amor é sinônimo de estar apaixonado, mas a paixão, como muito, é considerada apenas uma etapa desse complexo mistério, normalmente presente no começo de uma relação, onde o outro ainda é um enigma e estamos embriagados pela intensidade dos sentimentos despertados por esta profunda atração, alimentados pela fantasia romântica, pautada na crença de que o amor depende apenas de “química”, acreditamos que o vivenciaremos quando encontrarmos uma paixão arrebatadora, que nos tire do controle, nos deixe sem escolha. E para dificultar ainda mais, falsas noções sobre o amor nos ensinam que ele acontece sem esforço, sendo intensamente e constantemente prazeroso. Assim, quando as primeiras dificuldades aparecem, quando o outro se revela em toda sua imperfeição, nos decepcionamos e acreditamos que o relacionamento acabou. Na realidade, amar dá trabalho, não é essa história perfeita de “felizes para sempre”. Exige empenho, a cura das dores da infância, coragem para correr riscos e um pacto sincero com a verdade. É preciso disposição para refletir sobre as próprias ações, para renunciar ao desejo de controle sobre o outro, para se revelar em sua inteireza e aceitar o outro no nível em que se expressa agora, mantendo um compromisso constante e genuíno com o próprio crescimento e o da pessoa amada.
Hoje sabemos que a chave para alcançar uma vida longeva e com qualidade está nas relações que estabelecemos em nossas vidas. O isolamento e a solidão são extremamente tóxicos, causas centrais da depressão e do desespero. Ao mesmo tempo, podemos nos sentir só no meio de uma multidão, entre amigos, ou mesmo no casamento, pois é a qualidade da relação que desperta o sentimento de conexão com o outro. Assim, é fundamental nos comprometermos com o aprendizado do amor para criar encontros significativos.
São muitos os sinais de que estamos no caminho de uma revolução amorosa. Cada dia surgem mais pessoas escrevendo, lendo e debatendo sobre a poderosa força do amor, e é por isso que escrevi esse artigo.
Me conta, fez algum sentido para você? Vamos falar mais sobre amor?
Camila Capistrano é Terapeuta Integrativa com ênfase em aromaterapia, cromoterapia, reflexologia e massoterapia.