O Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) foram os principais alvos do protesto realizado neste domingo, 30, na praia de Copacabana, movimento inicialmente organizado por grupos que apoiam o presidente Jair Bolsonaro para prestar solidariedade ao ministro da Justiça, Sergio Moro, que teve conversas com os procuradores da Operação Lava Jato revelados pelo site Intercept nas últimas semanas.
O Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) foram os principais alvos do protesto realizado neste domingo, 30, na praia de Copacabana, movimento inicialmente organizado por grupos que apoiam o presidente Jair Bolsonaro para prestar solidariedade ao ministro da Justiça, Sergio Moro, que teve conversas com os procuradores da Operação Lava Jato revelados pelo site Intercept nas últimas semanas.
As acusações do Intercept foram minimizadas pelos participantes, como fez o técnico em segurança do trabalho Henrique Andrade, de 44 anos: "O fim justifica os meios, meu pai me falava desde que eu era pequeno que não tinha ninguém no Brasil para prender os corruptos, e o Moro foi lá e fez", afirmou Andrade sobre as denúncias de que Moro teria extrapolado o poder ao se comunicar com membros da Lava Jato durante as investigações.
Com público estimado pela Polícia Militar em cerca de 10 mil pessoas, uma onda verde e amarela ocupou durante toda a manhã e começo da tarde pelo menos seis quadras da orla do mais famoso bairro carioca, ancorada por oito carros de som e patrocinados por grupos que apoiam Bolsonaro, como Movimento Brasil Livre (MBL), Endireita Brasil, Vem pra Rua, Brasil Conservador, entre outros.
Muitos manifestantes ao serem abordados pela reportagem do jornal O Estado de S. Paulo se recusavam a dar declarações, afirmando que os jornalistas deturpam tudo o que o governo fala. Os poucos que se dispuseram a falar, demonstravam desconfiança.
O MBL, que não participou do último evento a favor do governo Bolsonaro, também chegou a ser hostilizado aos gritos de "traidor do País", devido a supostas críticas feitas ao governo, mas não se deixou intimidar. Do alto de um dos carros de som, representantes do grupo acusavam a esquerda de tentar dividir a direita, pedindo união e prometendo amor eterno ao ex-capitão. A polícia chegou a ser acionada após um breve tumulto entre manifestantes pró e contra MBL, mas nenhuma ocorrência foi registrada.
Mais forte do que o apoio a Moro, os manifestantes gritavam palavras de ordem contra o Supremo Tribunal Federal (STF), dirigidas principalmente aos ministros Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, considerados "petistas". Na conta do Congresso, o mais atacado era o deputado Rodrigo Maia, criticado pelos bolsonaristas por não apoiar projetos como o da posse de armas, a redução da maioridade penal, e acusado de querer manter a "mamata" dos parlamentares. "Ninguém aguenta mais essa barganha do Congresso", dizia uma faixa.
"O STF é uma vergonha", "Rodrigo Maia se acha 1º ministro", "Fora PT" e a velha política, e até mesmo críticas ao nióbio, recentemente alvo de uma 'live' do presidente Bolsonaro, faziam a festa das pessoas que foram prestigiar o ministro Moro. De acordo com um dos coordenadores do MBL, Carlos Eduardo Moraes, o evento tem por objetivo chamar também a atenção para a necessidade da aprovação da reforma da Previdência, além de apoio ao decreto das armas e a redução da maioridade penal.
Até mesmo a morte do menino Rhuan, que foi decapitado pela mãe e pela namorada, foi usada como exemplo do comportamento da esquerda, pelo fato das duas serem lésbicas e, portanto, defensoras da ideologia de gênero, que segundo os manifestantes é "coisa da esquerda".
Intervenção militar
Fardados e marchando, um grupo de militares pedia a volta da intervenção militar, enquanto um carro de som tocava uma das músicas símbolos da campanha bolsonarista, do MC Reaça. O MC se matou depois de espancar a namorada por causa de uma gravidez e pediu a esposa para cuidar da possível futura criança.
Do alto de uma bicicleta decorada em verde e amarelo e com duas cadelas da raça Yorkshire, também vestidas com a bandeira do Brasil, Carlos Afonso, 53, não escondia a felicidade de estar de novo na rua. "Participamos de toda a campanha (do Bolsonaro) e não podíamos deixar de vir hoje. Minhas cachorras odeiam a Dilma e o PT, e se não tomarmos cuidado eles voltam de novo", justificou.