Estive dentro da pré-campanha de 2014 e, na sequência, participei como conselheiro durante o processo, percorri 17 dos 22 municípios do Estado do Acre. Como analista político, posso dizer que conheço essa terra hospitaleira, de imensa e belíssima floresta, rica em recursos naturais, onde me apaixonei pelo Tacacá, caldo com a goma da mandioca, erva jambu, camarões e tucupi; a terra da Castanha do Brasil.
Estive dentro da pré-campanha de 2014 e, na sequência, participei como conselheiro durante o processo, percorri 17 dos 22 municípios do Estado do Acre. Como analista político, posso dizer que conheço essa terra hospitaleira, de imensa e belíssima floresta, rica em recursos naturais, onde me apaixonei pelo Tacacá, caldo com a goma da mandioca, erva jambu, camarões e tucupi; a terra da Castanha do Brasil.
Tenho acompanhado a política acriana, ou acreana, desde o ano de 2013, tive a honra de conhecer, quase que na totalidade, as maiores lideranças do bloco de oposição. Posso afirmar, até pelo convívio naquele período, que Gladson Cameli, Márcio Bittar, Flaviano Melo, Vagner Sales e Sérgio Petecão estão entre as maiores lideranças desse belo Estado e, certamente, o processo eleitoral deste ano de 2018 passará por esses nomes, os governistas querendo ou não, a oposição querendo ou não. Tenho acompanhado os últimos acontecimentos envolvendo a “tal gravação” que expôs Márcio Bittar a uma saia justa. E o ocorrido gerou um desconforto no bloco de oposição e um festejo por parte de alguns precipitados da oposição e, principalmente, no bloco governista liderado pelo PT.
Alguns pré-postulantes à segunda vaga ao senado pelo Estado do Acre já lançaram “curtinhas” sobre uma possível debandada do segundo voto. Todos, ou quase todos os postulantes, com exceção de Petecão, correm para abocanhar os possíveis descontentes com a definição do nome de Márcio Bittar. Óbvio que Bittar não é unanimidade, nunca foi. Aqueles que já não estavam no processo aproveitaram para aparecer e ganhar alguns minutos de fama jogando pedregulhos no caminho de Bittar. Comemoram a “trapalhada” de Bittar, porém uma comemoração emotiva e não racional.
A comemoração sobre o fato é precipitada e infantil, eu diria, ao analisar com mais atenção. Mesmo com o erro evidente de Bittar, ele continua firme no seu propósito. Para todos que ouviram a gravação, ficou claro que Bittar apoiará Cameli, irá até o fim para derrubar o PT no Acre, pois seu propósito é muito maior; se cair, cairá atirando. Bittar pode ter muitos defeitos. Expor suas estratégias ou as estratégias políticas da oposição foi uma postura imatura.
Pode até ser considerada suicida, em alguns casos, mas uma coisa é certa e ninguém pode negar: Márcio é corajoso. Sobre uma das declarações de Bittar, considerando a vaidade do interlocutor, o candidato ideal ao governo do Acre seria ele mesmo. Cameli pode, então, dormir tranquilo, pois Bittar falava dele mesmo e não de uma figura externa que poderia causar um racha ou dissolver o pré-acordo de coligação firmado até aqui. Bittar falava dele mesmo. Ao confirmar na convenção sua candidatura ao Senado, certamente o melhor candidato para ele, depois dele, será Cameli, obviamente. Esta é a leitura, pura e simples.
E, mesmo com o desgaste causado pelo vazamento da gravação, fica um alerta aos neófitos que estão comemorando: o nome de Bittar, nos últimos dias, foi mais citado pela imprensa do que nos últimos 3 meses; é só fazer uma pesquisa rápida no “Google”. Bittar, consequentemente, está com seu nome na mídia; todos falam de Márcio Bittar, e como analista, posso afirmar o que isso pode representar para uma pré-candidatura. Façam uma pesquisa ao Senado e verão que Márcio estará apto à disputar uma das vagas majoritárias; isso se consolida, inevitavelmente, a cada dia.
Preciso falar sobre o perfil do Márcio. Um pequeno resumo. Márcio é um homem falante, inteligente, raciocínio rápido, não costuma fugir quando perguntado, seu temperamento é explosivo, porém é inegável que é um articulador nato, poderia ser melhor se ouvisse mais e controlasse seus impulsos. O maior bloco partidário visto no Acre, nos últimos anos, foi constituído para as eleições de 2014, quando Márcio foi o candidato ao governo. Mesmo com os erros, com o temperamento explosivo, Márcio pode, então, ser considerado um agregador. Sua vitória escorregou pelos dedos, mas esta análise ficará para um próximo artigo.
Não há dúvida que a oposição acertou novamente, assim como acertou em 2014. A futura chapa Gladson, Petecão e Márcio é o maior temor dos governistas e petistas. Há outros nomes fortes para comporem as vagas de suplentes e vice, até candidaturas proporcionais definidas estrategicamente podem contribuir para a vitória da oposição. Não há dúvida nisso.
Gladson Cameli, ao que parece, foi o mais sensato, decidiu se recolher, não soltou farpas, não deu cotoveladas e nem puxões de cabelo em ninguém. O jovem, mais uma vez, mostra que Bittar errou ao julgar o senador como não sendo o candidato ideal para governar o Acre. Mais uma vez Bittar erra, não por ser sincero demais, mas por permitir que sua vaidade o cegue, e, ao mesmo tempo, permitir conselhos que só confirmem aquilo que ele próprio já acredita. O jovem Cameli é dotado de bom senso e isso demonstra equilíbrio para estar à frente de uma gestão. Como diria Chesterton: “Alguém precisa manter-se equilibrado neste hospício”.
Nem justificativas precisariam ser dadas por Cameli. Ele afirmou que irá ficar até o fim do mandato etc.; quem precisa se manifestar é quem foi gravado, não o Cameli. Estamos em pré-campanha, não em campanha. Quanto menos se falar, melhor para todos. Vamos olhar para frente, vamos trabalhar, pois o PT não irá entregar as tetas de graça.
O PMDB local acertou em manter o compromisso da pré-candidatura de Márcio Bittar ao Senado, o que não quer dizer que ele — Bittar — esteja no mesmo patamar de prioridade que gozou outrora diante dos caciques do partidão.
Bittar tem dois caminhos: 1. Se esquivar do assunto, tergiversar, negar a realidade, negar o erro, afastar o óbvio; 2. Ou silenciar, criar um ambiente de equilíbrio, recuperar a confiança dos dirigentes do PMDB e da militância, não deixar dúvida de que somará e não dividirá ao lado de Cameli e, ao mesmo tempo, mostrar aos acreanos que está, de fato, preparado para ser um senador sereno, prático, agregador, firme, conservador, família e moderno, pelo bem do Acre.
Quanto à decisão acertada do PMDB, os dirigentes foram sábios por quatro motivos práticos: primeiro, o ocorrido não muda a imagem, consolidada por todos, de Gladson e nem do próprio Márcio; segundo, a gravação pode ser considerada um fato de relevância mediana e não grave, pois não compromete as eleições; poderia atrapalhar muito se não tivesse sido usado à exaustão há 9 meses das eleições; terceiro, Bittar continua forte e é o melhor nome para compor a chapa com Petecão; quarto, o PMDB não pode correr o risco de perder Márcio para algum bloco ou candidatura independente que possa comprometer, de fato, todos os esforços da oposição em formar um grande e “sonhástico” bloco único de oposição.
Manoel Carlos é analista político, marqueteiro e responsável por setores de campanha na área de guerra política, debates e narrativas.
Ricardo Gomes
Caro Manoel Carlos, não duvido da sua competência, mas vejo que dá política acreana você não entende praticamente nada, quando julga essa pessoas da oposição como as principais lideranças do estado, conheço bem o meu estado e sei perfeitamente da intenção destes opositores, e a pesar de não ser um profissional também analiso a política do Acre a muito tempo e não tenho dúvida nenhuma que dessa vez a diferença de votos vi ser muito maior, sem paixões, um abraço e vamos esperar para ver quem tem razão, fique de olho na Coronel Ulisses.02/02/2018 18:04