O fantasma da falência que ronda o MT Saúde, por conta da dívida de R$ 38 milhões que acumulou nos últimos anos com hospitais credenciados, faz com que o atual presidente da instituição, Maurélio Ribeiro - no cargo desde janeiro - cogite a possibilidade de terceirizar o plano. Está em elaboração desde o início deste mês um estudo financeiro que será entregue à Casa Civil com sugestões para solucionar a crise, tais como a criação de cronograma de quitação dos débitos, aumento de custo e restrição de procedimentos ofertados pela rede.
O fantasma da falência que ronda o MT Saúde, por conta da dívida de R$ 38 milhões que acumulou nos últimos anos com hospitais credenciados, faz com que o atual presidente da instituição, Maurélio Ribeiro - no cargo desde janeiro - cogite a possibilidade de terceirizar o plano. Está em elaboração desde o início deste mês um estudo financeiro que será entregue à Casa Civil com sugestões para solucionar a crise, tais como a criação de cronograma de quitação dos débitos, aumento de custo e restrição de procedimentos ofertados pela rede.
“Vamos propor uma solução dividida em duas partes. A solução atual, que tem que ser rápida, senão não conseguimos manter a rede funcionando, porque não vai receber nenhum aparato. E a solução antiga, que ali cada um vai sentar, conversar, negociar, fazer o que tiver que fazer para poder honrar essa dívida. Estamos fazendo o mais rápido possível. Vamos fazer uma sugestão que envolve uma série de coisas que podem ser traumáticas”, adianta, em entrevista ao .
Entre as medidas cogitadas está a terceirização do plano. “Significa, por exemplo: Unimed, você quer assumir? Terceirizar a carteira. Porque aí vão ser as regras da Unimed, mas eu já tenho informação que a Unimed não tem interesse.” Além disso, o presidente fala em pactuar o recebimento dos repasses do governo atrasados. “Preciso que sejam cumpridos os repasses em dias atuais, preciso que as dívidas antigas sejam acordadas. E preciso tentar continuar melhorando custos.”
Plano inviável
Para explicar a inviabilidade financeira do plano, o presidente cita como exemplo uma pessoa com 60 anos de idade, que custa à Unimed em torno de R$ 1,6 mil, à Agemed R$ 1,1 mil e ao MT Saúde R$ 498. “Não tem milagre. Saúde você sabe que é cara e não tem milagre”.
Outro fator que pesa nessa balança é que o MT Saúde foi vendido como um plano que dispunha dos melhores hospitais, o que torna a conta mais cara. Além disso, Maurélio comenta que, por se tratar de uma autarquia vinculada ao governo, as ações judiciais determinando a realização desse ou daquele serviço, ainda que fora da cobertura do plano, encarece ainda mais.
“Alguém vai pagar essa conta. E tem que deixar muito bem claro que o governo do Estado não vai pagar mais essa conta porque por lei ele tem que repassar R$ 4 milhões. Quem acaba pagando a conta? O beneficiário.”
Hoje, Maurélio calcula que o Estado deve R$ 12 milhões em repasses ao MT Saúde, acumulados desde maio. Considerando que são gastos R$ 9,6 milhões mensalmente, em média, e que esse valor é composto por R$ 4 milhões do Estado e R$ 5,6 milhões dos beneficiários, o presidente avalia que conseguiria escapar da dívida, caso os repasses estivessem em dia.
Isso porque os serviços prestados pelos hospitais têm prazo de 60 dias para serem pagos e, só então, se tornam dívida. “Estou tentando resgatar para poder botar o mês em dia. Estamos pagando junho. Com esses R$ 12 milhões eu trago para julho, agosto, setembro e aí fujo da dívida porque cai nos 60 dias contratuais. Esses R$ 12 milhões que foi o furo que deu atual”.
Perguntado sobre a possibilidade de elevar o valor da taxa paga por cada beneficiário, a ponto de poder chegar a custar próximo do que cobram as cooperativas mais conhecidas no país, Maurélio é enfático: “Não podemos. Se eu fizer isso aí, o nosso beneficiário não vai ter plano” e pondera: “Como eu falo de aumento do custo para o beneficiário se, primeiro a rede não é um plano de excelência, e segundo que o servidor público está sem ter aumento?! Então... Mas que nós temos que fazer alguma coisa, nós temos. Eu não posso por lei falar: de hoje em diante não vou pagar isso e isso. Tenho que pagar tudo, ou quase tudo. E isso tem custo”.
Avanços
O presidente cita que com enxugamentos feitos na atual gestão permitiram a redução de custos em 10%. “É bem significativo quando você fala que reduz R$ 1 milhão em uma folha de R$ 10 milhões é mito. Isso, gastando bem. Mas nós temos limite, não temos como avançar”, pontua e avalia que não é mais possível fazer cortes.
Maurélio se vê de mãos atadas quando comenta que, antigamente, o volume de repasses feito pelo Estado não era limitado, o que passou a ocorrer após decisão do Tribunal de Contas do Estado, que também impôs meta de redução de gastos gradativa. “E para fazer isso eu tenho que aumentar a carteira de beneficiários. Só que se eu aumento a carteira vendendo um plano deficitário, nós estamos fadados ao quê? A quebrar, vai quebrar uma hora. Então nós temos que melhorar essa qualidade desse plano e isso a gente está estudando”.
Diante do cenário, a tendência é que mesmo que se recupere da crise, o MT Saúde não volte a contratar os serviços prestados pelo Grupo Santa Rosa, que deixou de fazer os atendimentos pelo plano em outubro, devido à reiterada inadimplência. “O Santa Rosa é um hospital para o MT Saúde? Quer dizer, o preço do Santa Rosa é bem maior do que as outras unidades. Então se a gente está falando em redução de custo e vamos trazer de novo um hospital que tem um alto custo? Fica complicado”, pondera Maurélio.