O mundo da música brasileira desperta em luto neste sábado (16), com a notícia do falecimento do renomado cantor e compositor Carlos Lyra. Conhecido por suas parcerias com grandes nomes como Vinicius de Moraes, Tom Jobim e Ronaldo Bôscoli, Lyra faleceu durante a madrugada, no Rio de Janeiro, conforme confirmado por sua família.
O mundo da música brasileira desperta em luto neste sábado (16), com a notícia do falecimento do renomado cantor e compositor Carlos Lyra. Conhecido por suas parcerias com grandes nomes como Vinicius de Moraes, Tom Jobim e Ronaldo Bôscoli, Lyra faleceu durante a madrugada, no Rio de Janeiro, conforme confirmado por sua família.
Carlos Lyra, autor de canções emblemáticas como 'Coisa mais linda', 'Minha namorada', 'Primavera', 'Sabe você' e 'Você e eu', é celebrado como um dos mais brilhantes melodistas da música brasileira, deixando um legado eterno em seu repertório.
A esposa de Lyra, Magda Pereira Botafogo, revelou que o compositor, aos 90 anos, foi hospitalizado na quinta-feira (14) no Hospital da Unimed, na Barra da Tijuca, com um quadro de febre. Após exames, foi identificada a presença de uma bactéria, embora a causa exata de sua morte ainda permaneça desconhecida.
Lyra, cuja carreira foi lançada ao estrelato na voz de Sylvia Telles com a canção 'Menino' em 1956, foi um dos pilares do movimento da bossa nova. Sua obra inclui um impressionante repertório de 196 composições musicais e 355 gravações, documentadas no banco de dados da gestão coletiva de música no Brasil.
O legado de Lyra não se limita à sua música. Além de seu reconhecimento como músico, ele também foi uma figura chave na promoção da cultura brasileira, tendo sido um dos fundadores do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes em 1961.
O velório de Carlos Lyra acontecerá no domingo (17), das 10h às 14h, no Memorial do Carmo, no Caju. A cerimônia será um momento de despedida íntima, reservada para familiares e amigos próximos.
A partida de Carlos Lyra marca o fim de uma era na música brasileira. Ele deixa uma marca indelével na história cultural do país, sendo lembrado não apenas por suas melodias eternas, mas também por seu comprometimento com a difusão da arte e da cultura brasileiras. Seu legado permanecerá vivo nas notas de cada canção que compôs, ressoando por gerações futuras.
Carlos Lyra: A jornada musical de um ícone da Bossa Nova
A trajetória musical de Carlos Lyra, um dos pilares da bossa nova, é um reflexo da rica história cultural do Brasil. Sua primeira composição, "Menino", ganhou vida na voz de Sylvia Telles em 1956, marcando o início de uma era de ouro na música brasileira. Em 1959, Lyra lançou seu primeiro álbum, intitulado "Bossa nova", consolidando-se como uma das vozes influentes do gênero. No mesmo ano, João Gilberto gravou "Maria ninguém" e "Lobo bobo", músicas que nasceram da colaboração frutífera entre Lyra e Ronaldo Bôscoli.
O ano de 1961 viu a estreia da faixa "Coisa mais linda", uma parceria de Lyra com Vinicius de Moraes. Esta colaboração se estendeu para criar clássicos como "Marcha da quarta-feira de cinzas" (1963), "Minha namorada" (1964), "Primavera" (1964) e "Sabe você" (1964), enriquecendo o repertório da música popular brasileira (MPB).
Além de sua contribuição musical, Lyra também expressou sua consciência social e política. Isso ficou evidente quando ele compôs a trilha sonora da peça "A mais valia vai acabar, seu Edgar" (1960), de Oduvaldo Vianna Filho, conhecido como Vianinha, um notável dramaturgo e diretor paulistano. Esta obra refletiu o engajamento de Lyra em temas sociais e políticos, uma característica marcante de sua carreira.
Nos anos 70, Lyra renovou seu repertório com álbuns como "Eu & elas" (1972) e "Herói do medo" (1975), demonstrando sua versatilidade e habilidade em evoluir artisticamente. A década de 1980 foi marcada por sua adesão a regravações de clássicos da bossa nova e novas parcerias com artistas como Joyce Moreno e Paulo César Pinheiro.
O talento de Lyra continuou a brilhar nas décadas seguintes. Ele gravou álbuns de músicas inéditas, como "Carioca de algema" (1994) e "Além da bossa" (2019). Em 2023, um marco de sua influência e legado foi celebrado por grandes nomes da MPB no álbum coletivo "Afeto", uma homenagem à sua monumental contribuição para a música brasileira.
Carlos Lyra deixa uma herança musical imortal, simbolizando não apenas a essência da bossa nova, mas também o espírito criativo e transformador da MPB. Seu legado continua a inspirar e a influenciar músicos e amantes da música em todo o mundo.
