A capital alemã, Berlim, foi palco de um protesto significativo de agricultores que desafiaram recentes medidas orçamentárias propostas pela coalizão governamental da Alemanha. A mobilização, que congregou milhares de agricultores de diferentes regiões do país, foi uma resposta à decisão do governo de cortar subsídios e benefícios fiscais que afetam diretamente o setor agrícola.
A capital alemã, Berlim, foi palco de um protesto significativo de agricultores que desafiaram recentes medidas orçamentárias propostas pela coalizão governamental da Alemanha. A mobilização, que congregou milhares de agricultores de diferentes regiões do país, foi uma resposta à decisão do governo de cortar subsídios e benefícios fiscais que afetam diretamente o setor agrícola.
"A partir de 8 de janeiro estaremos presentes em todos os lugares de uma forma que o país nunca viu antes", advertiu Joachim Rukwied, representante dos agricultores, demonstrando a intensidade da resistência contra as propostas governamentais.
O protesto, organizado rapidamente, atraiu entre 8 mil e 10 mil participantes, segundo a associação de agricultores, que trouxeram mais de 3 mil tratores para a capital. A polícia, contudo, estimou um número menor de participantes e veículos.
Jörg Schäfer, um agricultor de Osthessen, exemplificou os desafios econômicos enfrentados pelos agricultores sob as novas medidas. "Isso é tão inaceitável", afirmou, referindo-se ao aumento de custos em seu negócio de 130 vacas e 200 hectares de terra arável.
Os cortes orçamentários, parte de uma negociação do Orçamento de 2024, surgiram após uma decisão do Tribunal Constitucional da Alemanha que obrigou o governo a reformular o orçamento do próximo ano e cortar 17 bilhões de euros para evitar novas dívidas. O chanceler Olaf Scholz (SPD), o vice-chanceler Robert Habeck (Verdes) e o ministro das Finanças Christian Lindner (FDP) concordaram com um corte de 12 bilhões de euros no fundo climático, impactando diversos setores, mas afetando mais severamente a agricultura.
Rukwied destacou que a abolição dos incentivos sobrecarregaria o setor em mais de 1 bilhão de euros por ano. Ele fez um apelo direto ao ministro da Agricultura, Cem Özdemir, do partido Verde, para defender os interesses dos agricultores e das zonas rurais.
Özdemir, presente no protesto, assegurou aos manifestantes que lutaria para que os cortes não fossem tão drásticos. "Não concordo com cortes desta magnitude e não concordei antes", disse ele, apesar das vaias e assobios dos manifestantes.
Steffen Hebestreit, porta-voz do governo, expressou compreensão quanto aos desafios enfrentados pelos agricultores, mas ressaltou a inevitabilidade dos cortes: "Se tivermos de poupar grandes somas [de dinheiro], não é possível fazer isso sem que seja doloroso em algum momento".
Os agricultores argumentam que os custos de produção mais elevados levariam à importação de alimentos de países com padrões ambientais inferiores aos da Alemanha. Enquanto algumas organizações ambientais apoiam os cortes, outras sugerem que o governo deveria incentivar o uso de energias renováveis na agricultura ao invés de retirar subsídios.
A União Democrata Cristã (CDU), o principal partido de oposição, liderado anteriormente pela chanceler Angela Merkel, opõe-se aos cortes na agricultura e vem pressionando o governo a reconsiderar a medida.
Este protesto ressalta o delicado equilíbrio entre as necessidades econômicas e as metas ambientais do governo, enquanto a oposição e os agricultores continuam a debater a melhor abordagem para o futuro sustentável da agricultura na Alemanha.