Chamadas de quimeras, as criações de embriões híbridos com células de animais e humanos estão sendo compartilhadas pela imprensa global como um grande avanço científico.
No entanto, “alguns especialistas em ética veem motivo para preocupação”, destaca o The Wall Street Journal em reportagem publicada nesta segunda-feira (26).
Chamadas de quimeras, as criações de embriões híbridos com células de animais e humanos estão sendo compartilhadas pela imprensa global como um grande avanço científico.
No entanto, “alguns especialistas em ética veem motivo para preocupação”, destaca o The Wall Street Journal em reportagem publicada nesta segunda-feira (26).
Os cientistas estão cultivando em laboratório diversas criações experimentais por meio da injeção de células humanas em camundongos, ratos, porcos, vacas, entre outros animais.
Eles esperam que as novas combinações possam um dia ser usadas para cultivar órgãos humanos para transplantes, estudar doenças que afetem os humanos ou testar novos medicamentos.
Em avanço recente, pesquisadores dos Estados Unidos e da China anunciaram a produção de embriões que combinavam células humanas e de macacos pela primeira vez.
O uso dos primatas, que são tão intimamente relacionados aos humanos, levanta preocupações de especialistas sobre as consequências desta linha de pesquisa.
Em conversa com o WSJ, a bioeticista Nita Farahany, da Universidade de Duke, comentou:
“Foram muitos avanços neste experimento. Um passo notável foi dado cientificamente que levanta questões urgentes de interesse público. Precisamos descobrir qual é o caminho certo a seguir para ajudar a orientar o progresso responsável.”
Os cientistas vêm criando quimeras parcialmente humanas há anos.
O que torna o último experimento único é que os cientistas injetaram células-tronco humanas — que podem se tornar qualquer tipo de tecido — num embrião de um primata.
Até agora, quando estas células são injetadas num embrião animal em estágio inicial de desenvolvimento não há como controlar para onde vão ou limitar o tipo de células adultas que elas vão se tornar.
Insoo Hyun, bioeticista da Case Western Reserve University, em Cleveland, que está envolvido na supervisão internacional dessa pesquisa, alertou:
“Há uma chance de que descontroladamente possa levar a uma mistura de células humanas que pode resultar no desenvolvimento de células humanas no cérebro ou no coração ou da cabeça aos pés em todo o corpo.”
Dessa forma, as quimeras de células-tronco têm “o potencial de humanizar radicalmente a biologia dos animais de laboratório”, acrescenta Hyun.