A desinformação promovida pela velha mídia e pela extrema-esquerda-radical do Brasil em relação à compra do tal “leite condensado” foi de fato vergonhosa. Divulgar os gastos, omitindo que eles se referiam à alimentação de mais de um milhão de servidores de todo país, incluindo exército e universidades, é atitude de quem não merece o mais mínimo respeito.
A desinformação promovida pela velha mídia e pela extrema-esquerda-radical do Brasil em relação à compra do tal “leite condensado” foi de fato vergonhosa. Divulgar os gastos, omitindo que eles se referiam à alimentação de mais de um milhão de servidores de todo país, incluindo exército e universidades, é atitude de quem não merece o mais mínimo respeito.
Mas foi a melhor resposta a atitude do Presidente Bolsonaro, sugerindo que o leite condensado “é para enfiar no rabo da imprensa”?
Embora a militância bolsonarista mais aguerrida tenha até sentido uma certa catarse com a fala do Presidente, é fato que usar termos chulos causa sempre reações dúbias na sociedade, mesmo que os destinatários tenham feito por merecer. Muitos, com ouvidos mais sensíveis, acabam colocando Bolsonaro na mesma balança podre de outros Presidentes demonizados em nossa história recente.
Em setembro de 1992, apenas duas semanas antes de ser afastado, o então Presidente Fernando Collor promoveu um jantar com aliados que até hoje é lembrado. Naquela ocasião, Ulysses Guimarães foi chamado de senil e Collor desferiu uma frase famosa: “Imprensa de merda. Esses cagalhões vão engolir pela boca e pelo outro orifício o que estão falando de mim”.
O mesmo arroubo já fez parte do discurso do ex-Presidente Lula, que, em março de 2016, mandou o MPF enfiar todos os processos contra ele “naquele lugar”.
Pode-se dizer que Bolsonaro cometeu o mesmo erro. E no fim, verdade seja dita, a mídia tradicional conseguiu fazer seu estrago. Já está no imaginário de muitos brasileiros com pouco acesso a análises mais acuradas a ideia de que Bolsonaro é um consumidor compulsivo de leite condensado, e que pouco se importa com o dinheiro público.
É sempre muito mais difícil desfazer uma mentira espalhada aos quatro ventos com a velocidade e capacidade de penetração dos veículos de comunicação tradicional. E com isso, a mídia manipula e domina o debate público. Eis o dilema !
Para o Presidente parece que falta-lhe um pouco de prudência; de lembrar que ele não se sustenta somente com sua militância mais apaixonada, até porque, ele mesmo fez questão de se afastar daqueles que mais brigaram por ele.
Um passo mínimo para tentar reverter a influência que jornalistas têm hoje é aprender a usar os espaços da própria mídia.
Bastaria ao Presidente, ao invés de xingar, usar frases curtas para desfazer a mentira e dar um dado concreto, como o número de beneficiados com a compra, o que já daria um nó na narrativa enviesada da imprensa. Poderia não corrigir, mas evitaria boa parte do estrago, e sem parecer que o governo inventou uma desculpa qualquer.
Fora isso, o episódio deixa uma lição mais uma vez para conservadores e o tal pessoalzinho que se acha de direita. Enquanto não foram usadas as mesmas armas que a esquerda usa hoje nas redações de jornais e tevês de todo o país, nada mudará.
Falta leitura, falta preparo, falta estratégia para recuperar espaços na mídia e nas universidades. Falta, claro, um veículo de comunicação realmente abrangente para tentar equilibrar o discurso.
O jornalismo bem executado é arma poderosa de convencimento, e se conservadores não possuem condições materiais adequadas, nada impede que pelo menos a retórica seja aprimorada. Compreender o estrago que o atual jornalismo da grande mídia promove não é apenas um alento, mas pode ser uma bússola para apontar alguns caminhos que devem ser percorridos com urgência, antes que a mentira domine o mundo. E olha que falta bem pouco.