Mais de meio século depois de sua formação, exatos 53 anos, a banda inglesa The Who fez seu show de estreia no Brasil na noite de quinta (21), no primeiro dos quatro dias do São Paulo Trip. E a longa espera foi totalmente recompensada.
Mais de meio século depois de sua formação, exatos 53 anos, a banda inglesa The Who fez seu show de estreia no Brasil na noite de quinta (21), no primeiro dos quatro dias do São Paulo Trip. E a longa espera foi totalmente recompensada.
Apesar de nomes muito populares, como Guns N' Roses, Aerosmith e Bon Jovi, nenhuma outra das dez bandas programadas no festival causava tanta expectativa. Mesmo assim, os 40 mil lugares no estádio Allianz Parque não ficaram totalmente ocupados.
O Who tem papel definitivo na história do rock, mesmo tendo lançado apenas um disco de inéditas nos últimos 37 anos. Ao lado dos Beatles e dos Rolling Stones, foi protagonista da invasão de grupos ingleses nos Estados Unidos, nos anos 1960, e criou um subgênero na música para jovens, a ópera-rock.
Quando pisaram no palco do estádio Allianz Parque, o cantor Roger Daltrey e o guitarrista e compositor Pete Townshend transmitiram de imediato ao público um som furioso. Abriram a apresentação com "I Can't Explain", emendando "The Seeker", "Who Are You", que as novas gerações conhecem como o tema da série "CSI", e "I Can See for Miles".
Aos 73 anos, Daltrey surpreende com o vozeirão ainda em forma. Preserva o mesmo gestual que apresentou no Festival de Woodstock, em 1969, girando o microfone no ar, segurando-o pelo cabo, e fazendo suas poses de cara durão.
Pete Townshend, embora um ano mais novo, parece sentir um pouco mais os efeitos da idade. Mas nada que o impeça de continuar a fazer suas poses de "herói da guitarra", pulando feito louco e girando o braço num movimento bem amplo a cada acorde mais contundente.
Sentindo a energia deles no palco, o fã logo tenta imaginar como deve ter sido bom vê-los mais jovens em ação, ao lado dos outros fundadores, o baterista Keith Moon, morto em 1978, e o baixista John Entwistle, morto em 2002, ambos por overdose.
Ficou claro que, na comparação das duas óperas-rock criadas por Townshend, "Tommy" (1969) e "Quadrophenia" (1973), o público conhece mais as músicas da primeira. Efeito, certamente, da popularidade da adaptação da história para o cinema, em 1975, na qual o próprio Daltrey fez o papel do garoto cego, surdo e mudo que se torna um campeão de fliperama.
Townshend repetiu várias vezes que a banda estava fazendo seu primeiro show no Brasil e pareceu emocionado. Daltrey falou menos, mas sorriu o tempo todo.
Se Keith Moon é considerado por muitos o melhor baterista da história do rock, o Who achou um ótimo substituto, de sangue real: Zak Starkey, filho do Beatle Ringo Starr. Sua performance foi incrível, tendo seu grande momento em "Amazing Journey". A sequência final foi matadora: "Pinball Wizard", "See Me, Feel Me", "Baba O' Riley" e "Won't Get Fooled Again".
Após fechar o bis com "Substitute", Townshend mandou o público embora. "Go Home! Go Home!", gritou, exausto. E todos foram para casa, felizes.
O São Paulo Trip tem mais três noites no Allianz Parque: sábado (23), com Bon Jovi e The Kills, domingo (24), com Aerosmith e Def Leppard, e na terça (26), encerrando com Guns N' Roses, Alice Cooper e Tyler Bryant & The Shakedown.
Originalmente de Folhapress.