A bancada de senadores de Mato Grosso gastou R$ 1,1 milhão, entre janeiro e dezembro de 2016, da cota para exercício da atividade parlamentar, que é disponibilizada pelo Legislativo para dar suporte ao trabalho dos congressistas.
Os números colocam o Estado como a sexta bancada que mais se utilizou do benefício no ano passado.
De acordo com os dados do portal transparência do Senado, José Medeiros (PSD) foi quem teve os gastos considerados mais extravagantes. Ao todo, ele usou R$ 418.275,76, excluindo outros gastos como consumo de material, Correios, auxílio-moradia e pessoal.
Segundo levantamento do MidiaNews, o parlamentar, que é de Rondonópolis, gastou R$ 16,9 mil com hospedagens e alimentação no Gran Odara, um dos hotéis mais caros de Cuiabá.
Outro gasto de Medeiros foi na Churrascaria Boi Grill, cujo rodízio durante a semana custa R$ 78,90 no almoço. No final de semana, chega a R$ 84,90. Ele esteve nove vezes na churrascaria e gastou, ao longo do ano, R$ 3,3 mil.
Já na Peixaria Okada, ele esteve duas vezes e gastou R$ 399. Já na Peixaria Popular gastou R$ 704.
Em julho do ano passado, o senador também esteve em Natal (RN). A hospedagem do senador na cidade já havia sido noticiada pelo jornal Folha de S.Paulo, que afirmou que o parlamentar usou o cotão para se hospedar em um hotel de luxo. Medeiros rebateu e disse que o local não tinha características luxuosas.
De acordo com os dados do Senado, o congressista se hospedou primeiro no Manary Praia Hotel e gastou R$ 886. O hotel é considerado quatro estrelas, conforme parâmetro estabelecido pelo Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem, do Ministério do Turismo.
Em seguida, o senador se hospedou no Serhs Grand Hotel, considerado cinco estrelas pelo mesmo sistema. Seus gastos chegaram a R$ 2,3 mil mais R$ 122 de alimentação.
Os dados fazem parte dos gastos do recurso para locomoção, hospedagem, alimentação e combustíveis. Nisso foram gastos R$ 112 mil.
Ao longo do ano, ele ainda usou R$ 113 mil com passagens aéreas, sendo R$ 17 mil somente em setembro. Outros R$ 122 mil foram para divulgação da atividade parlamentar e R$ 61 mil para aluguel de imóveis para escritório político.
Maior gasto
Já o senador Wellington Fagundes (PR) foi quem mais se utilizou do cotão. Ele gastou R$ 419 mil, pouco acima de Medeiros.
Seus maiores gastos foram com locomoção, hospedagem, alimentação e combustíveis, em especial nos meses de setembro e outubro. Ao longo do ano, ele variou as despesas entre R$ 5 mil e R$ 9 mil. Já naqueles dois períodos do ano, saltou para R$ 26 mil.
Segundo os dados, as despesas de Fagundes se concentraram em combustível para aeronave, para veículo e com táxis. Há ainda hotéis entre as despesas, como a hospedagem de um servidor no Taiamã Plaza Hotel, em Cuiabá.
Em passagens aéreas, o senador gastou R$ 67,7 mil. As maiores despesas foram em outubro e novembro, com R$ 11 mil e R$ 10 mil, respectivamente.
Blairo e Cidinho
Já Blairo Maggi (PP) e Cidinho Santos (PR) foram os que menos gastaram.
Maggi ficou no Senado até maio de 2016, quando assumiu o Ministério da Agricultura no Governo Michel Temer (PMDB).
Até então, sua despesa total da cota parlamentar foi de R$ 108 mil. Foram R$ 40 mil para divulgação da atividade parlamentar e R$ 46 mil com aluguel de imóveis. Outros R$ 15 mil com passagens aéreas.
Já com hospedagem, consta somente R$ 631,53, em maio, no Windsor Plaza Hotel.
Cidinho Santos, por sua vez, assumiu em seguida e gastou, ao longo do ano, R$ 232,2 mil. Foram R$ 65 mil para divulgação da atividade parlamentar e R$ 64 mil para aluguel de imóveis. Outros R$ 39 mil com passagens aéreas.
Sexto maior gasto
De acordo com dados do site Congresso em Foco, Mato Grosso é o sexto Estado que mais se utiliza da cota parlamentar. Amazonas também gastou R$ 1,1 milhão. O Estado com maior gasto é Roraima, com R$ 1,31 milhão.
Já na Câmara Federal, Mato Grosso está entre os quatro com menos gastos. A bancada usou R$ 3,34 milhões ao longo do ano. São Paulo, a que mais se utilizou do benefício, gastou R$ 25,9 milhões.
Entretanto, na Câmara o valor da cota varia conforme o número de parlamentares na bancada. Mato Grosso, com oito deputados, tem uma das menores bancadas do Congresso. São Paulo, com 70, tem a maior.
Outro lado
O senador José Medeiros, por meio de nota, afirmou que sua parte da cota foi usada “exclusivamente” no exercício da atividade parlamentar.
Segundo ele, por ser servidor público federal afastado, não possui outra atividade econômica ou empresarial e a utilização da verba indenizatória “faz-se necessária para o exercício do mandato parlamentar”.
“Todas as despesas inerentes ao exercício do mandato de senador foram realizadas de forma transparente, sobretudo, pelo respeito que tenho com o dinheiro do contribuinte. Eu trabalho para o povo brasileiro e para fortalecimento do Estado de Mato Grosso”, disse.
Leia a íntegra da nota:
"O senador José Medeiros (PSD) esclarece que a verba indenizatória foi usada exclusivamente no exercício da atividade parlamentar como determina a lei e a moralidade pública.
'Todas as despesas inerentes ao exercício do mandato de senador foram realizadas de forma transparente, sobretudo, pelo respeito que tenho com o dinheiro do contribuinte. Eu trabalho para o povo brasileiro e para fortalecimento do Estado de Mato Grosso.'
Servidor público federal afastado, Medeiros não possui outra atividade econômica ou empresarial e a utilização da verba indenizatória faz-se necessária para o exercício do mandato parlamentar.
Ficha limpa e reconhecido nacionalmente com um dos melhores senadores do Congresso Nacional em função da sua atuação em defesa do país e do povo mato-grossense, José Medeiros condena a tentativa de denegrirem sua imagem usando o gasto legal da verba indenizatória com o claro intuito de antecipar o processo eleitoral de 2018.
O senador defende ainda a transparência nos gastos dos parlamentares e faz um apelo para a sociedade acompanhar de perto o mandato de seus representantes. 'Acredito no respeito ao bem público e no trabalho comprometido para retomarmos o crescimento econômico e transformarmos o nosso país em um lugar com mais justiça social'".