Corre nos corredores do Congresso Nacional, rumores de intensa insatisfação da bancada de Mato Grosso contra o deputado Valtenir Pereira (PMDB-MT). Fontes de bastidores dão conta que Valtenir, o segundo parlamentar que mais conseguiu recursos via emendas individuais desde 2015 no Brasil, teria fraudado documentos para mudar a destinação de parte das emendas.
Corre nos corredores do Congresso Nacional, rumores de intensa insatisfação da bancada de Mato Grosso contra o deputado Valtenir Pereira (PMDB-MT). Fontes de bastidores dão conta que Valtenir, o segundo parlamentar que mais conseguiu recursos via emendas individuais desde 2015 no Brasil, teria fraudado documentos para mudar a destinação de parte das emendas.
Valtenir conseguiu R$17,1 milhões de emendas já executadas desde 2015, enquanto o líder no quesito, senador Aécio Neves (PSDB-MG), conseguiu R$18,1 milhões. Segundo o portal Siga Brasil, do Senado Federal, que mantém um sistema com informações sobre o orçamento público, R$10,1 milhões da verba destinada a Valtenir seria destinada a Saúde, enquanto os outros R$7 milhões seriam destinados a outras áreas.
Águas passadas
O parlamentar já se safou de um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) que o acusava de utilizar verba proveniente de emendas parlamentares para pagamento de despesas de campanha. No caso, a Polícia Federal (PF) produziu um inquérito recheado de provas contra Valtenir, que teria recebido R$235 mil em dinheiro de campanha em troca de uma emenda apresentada em 2010 que visava projetos de inclusão digital no Mato Grosso.
O inquérito deriva de um esquema montado na Paraíba, que envolvia o então vice-governador do Estado, Romulo Gouveia (PSD) e o publicitário Duda Mendonça. Quando ainda era deputado, Romulo apresentou uma emenda para criar o projeto “Jampa Digital”, que levaria internet gratuita a população de João Pessoa pelo valor de R$39 milhões. Segundo a PF, a empresa “Idéia Digital”, desviou parte do dinheiro.
As investigações da polícia indicam que Valtenir montou o mesmo esquema em Mato Grosso. O deputado se safou em decisão do STF do dia 5 de outubro, que acolheu o argumento da defesa de que o relatório conduzido pela PF é nulo, uma vez que por gozar de foro privilegiado, qualquer investigação contra Valtenir deveria ser antes autorizada pela Suprema Corte, o que não aconteceu.
Assim, o ministro Ricardo Lewandowski anulou as provas contra o mato-grossense e arquivou a denúncia.
Deste modo, parlamentares que não quiseram ser identificados pela reportagem demonstram incredulidade quanto a lisura de Valtenir. “Esse problema não é novidade. A questão agora é que o volume de verba desviada parece ser bem maior que antes, causando muito maior impacto no equilíbrio das emendas liberadas”, disse um deles.